30.12.08
Adeus ano velho...
15.12.08
o que aqueles olhos escondiam? o que será que mostravam atrás daquelas lentes?
não me contive. saí de onde estava pedindo licença e vencendo com dificuldade cada centímetro quadrado daquele trem lotado. queria ao menos sentir seu cheiro; um breve resvalar de braços, quem sabe... um toque inconsciente nas mãos que seguravam firmes o apoio.
cheguei bem perto. cheirava a banho recém tomado, sabonete; tinha os cabelos ainda úmidos cheirando a xampu. a nuca exalava um aroma fresco, leve, convidativo... meio adocicado, talvez.
fiquei contemplando aquilo tudo parado ali, ao lado dela. sentei quando uma senhora se levantou e notei seus quadris esticando o tecido do vestido. a marca da calcinha, pequena, bem delicada, escondendo algo realmente precioso. tinha um belo par de pernas bronzeadas pelo sol. as coxas grossas volumosas e um tornozelo estreito, decorado sutilmente por um cordãzinho dourado com um pingente com o símbolo do OM. os seios eram sob medida. em total harmonia com o resto do corpo, davam a ela certa maestria em relação às outras mulheres naquele trem. sem dúvida reinava absoluta naquele vagão.
vacilei, deixei que a melodia da música nos fones me levasse e, chacoalhando no trem, fui longe, bem longe...
em outro lugar, bem distante dali, tirava aqueles óculos e era surpreendido por enormes olhos verdes. um verde penetrante, escuro, nada daquele verde comum, que todos os outros olhos verdes guardam. era um verde luz! intenso e profundo.
fui tomado por algo de outro mundo e, pálido, com a garganta seca e com um nó, mal conseguia pronunciar palavra alguma. nos olhávamos em silêncio, um dentro do outro; num gesto lento, pensativo, demorado, nossas bocas se encontraram.
foi um longo beijo molhado, trabalhado. me olhou nos olhos enquanto nossos lábios ainda se afastavam e disse:
fosse esse mar meu caminho
fosse esse meu coração
faria de você meu destino
e de teu amor minha salvação
atônito, palerma olhando aqueles olhos, demorei a entender do que se tratava. confesso que senti um calafrio que estremeceu meu corpo. não sabia de onde vinha aquela mulher e, nesse instante, mal tinha idéia pra onde estava indo com ela.
não sabia o que responder. mal tinha idéia do que ela quis dizer com aquelas frases. mas um ar de tristeza a envolveu subitamente. era estranho algo tão mágico se desfazer em tão pouco tempo e desse jeito tão obscuro.
o tom da sua voz, o peso das palavras, a escolha minuciosa por versos que talvez não me machucassem tanto... e aí eu entendi o que ela quis dizer.
nesse instante do sonho, a música acabou e eu abri os olhos no trem novamente. a garota que tinha me mandado pra outro lugar já não estava lá. tinha descido em alguma das cinco estações que passei dormindo. à minha cabeça voltaram cenas já vividas, frases já ditas, as cartas guardadas, as declarações despejadas numa enxurrada de sentimentos arrebatadores. tudo aquilo ali em mim de novo.
fui invadido por uma tristeza grande. a mesma tristeza das frases daquela mulher do sonho. eu havia entendido e, mesmo sem saber direito o porquê, já me via sofrendo por isso.
a "shuffle mode" do celular é meu amigo. as boas surpresas sempre aparecem nas horas mais estranhas. a próxima música veio, como num pedido, em desespero.
ah, neguinha...
deixa eu gostar de você
pra lá do meu coração
não me diga nunca não
11.12.08
Vamos todos...
5.12.08
Estômago e sexo
lembro que era um cara antipático, fresco. não se envolvia com o pessoal, não falava e não tinha emoção alguma: nunca o vi sorrindo, triste, puto da vida, nada. sempre daquele jeito. cara de quem comeu e não gostou. ou de quem não comeu. e foi com esse pensamento que comecei a fantasiar a história.
primeiro enchi de piadinhas. brincava com ela, falava de intimidades, de como fazia isso ou aquilo. e ela participava do jogo. falei que gostava de chupar muito, de enfiar a cara, sentir o cheiro e ouvir a mulher gemendo. lembro que a vi branca e levemente rosada. pensei na cor daquela xoxota. e eu enrijeci na hora.
os diálogos sujos e cheios de putaria continuaram. ela sempre dando asa. e eu crescendo cada vez mais. chegou a passar pela minha cabeça que isso era coisa de amigo mesmo e que tudo o que eu contava pra ela ela fazia à noite com o seboso. por sorte - ou não - não era bem isso...
perguntei, num outro dia, um papo mais ameno, a respeito de relacionamento mesmo, e ela resolveu abrir o jogo. nem faço idéia do motivo que a fez se abrir daquela maneira comigo.
"sabe o que é... parece que ele não curte muito, não tem curiosidade..."
"você tem que dar abertura. é chato ficar pedindo as coisas. invista no que você acha que vai agradá-lo..."
"andei fazendo coisas que eu nunca fiz e tudo continua na mesma..."
"esse cara é frouxo. pode ter certeza. negar tudo isso aí é coisa de quem não gosta mesmo..."
ela parou e ficou pensando. e aí chegou o carnaval.
depois do feriado, as hitórias voltaram. ela até chegou a comentar que tinha melhorado um pouco e tals. e eu contei o que fiz no carnaval.
"a gente tava no sofá, ela sentava em mim de costas e quando disse que ia gozar, eu a virei, soquei a cara na buceta dela e chupei, chupei até sentir que ela tremia..."
por algum motivo ela ficou quieta.
"depois ela levantou, eu fiz com que ela se apoiasse no sofá de quatro e dei as estocadas mais fortes da minha vida até explodir de um vez só. foi insano. sem dúvida a melhor trepa da minha vida..."
ela continuou muda.
eu não entendi direito. mas nesse mesmo dia recebi um sinal. e não tive como deixar quieto.
"se fosse com você, aposto que você não esqueceria nunca mais..."
"você fala tanto que dá pra desconfiar..."
"não precisa nem pagar pra ver. eu faço o quarto. só me diz que vai e quando vai."
"hoje. saio na frente, te pego na rua de trás..."
"e o meia-foda chatinho?"
"não vai ficar sabendo..."
"você é safada pra cacete..."
saí do trampo disfarçando, depois que todo mundo desceu. dobrei a esquina e o Palio verde estava lá, de vidros fechados, escuros e o ar condicionado bombando. pouco precisei pensar...
"você é safada pra cacete. não presta... e é bom conhecer gente que não presta..."
"tá na hora de saber qual é a sua..."
enfiei a mão no meio daquele monte de cabelo dourado e a beijei com sede, com desejo, com vontade. com a outra mão apertava-lhe as coxas grossas... como era gostosa! já imaginava os mamilos rosadinhos, a xoxota quente e úmida. fui enlouquecendo aos poucos dentro daquele carro.
e ela já tinha premeditado tudo! sequer pensou no caminho pro motel. foi direto, desviando do trânsito. quando paramos num farol ela olhou o volume em minhas calças, não resistiu e pegou no meu pau. pra ver o que era ou como era. olhou pra mim e mordeu o lábio inferior. cara de puta.
entramos. eu sugeri um banho, um drinque qualquer. mas nem deu tempo. ela me pegou pela nuca, me beijou me empurrou na cama, tirou os sapatos e deitou em cima de mim.
me disse tanta coisa... confesso que fiquei impressionado com a paciência que ela teve com ele. o papo que mulher insatisfeita enfia chifre mesmo é fato. bem verdade. assim como homem insatisfeito também. e até hoje não consegui decifrar quem era o verdadeiro insatisfeito da história.
essa semana ela ficou noiva. vai casar dentro em breve. talvez aquela noite no motel tenha a ajudado a resolver algum problema. ou então ajudou o cara, não sei. a libertação, o fato de encarar as coisas que eles julgavam impróprias pra dizer um ao outro, as coisas que não faziam ou não pediam porque tinham vergonha... acho que aquele chifre que o cara tomou pode ter salvado o futuro casamento dele.
eu é que fiquei meio assim. no fim das contas, a gente sempre quer mais, né!? esse papo de ser "o amante" não é tão bom ás vezes. tem horas que o que a gente mais queria era um pouco mais de dor de cabeça em relação a um relacionamento.
até nas horas mais sujas se encontra um pouco de amor.
26.11.08
Paralelas
só quero que você se encontre
saudade até que é bom
melhor que caminhar vazio
a esperança é um dom
que eu tenho em mim
eu tenho sim
não tem desespero, não
você me ensinou milhões de coisas
eu tenho um sonho em minhas mãos
amanhã será um novo dia
certamente eu vou ser mais feliz" - "Sonhos", Caetano Veloso.
"mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
até quando o corpo pede um pouco mais de alma
a vida não pára...
será que é tempo que lhe falta pra perceber
será que temos esse tempo pra perder
e se quer saber, a vida é tão rara" - "Paciência", Lenine.
"... aliás, aceite uma ajuda do seu futuro amor
pro aluguel
devolva o Neruda que você me tomou
e nunca leu
eu bato o portão sem fazer alarde
eu levo a carteira de identidade
uma saideira, muita saudade
e a leve impressão de que já vou tarde" - "Trocando em miúdos", Chico Buarque.
Em três atos: começo, meio e fim.
25.11.08
Do amor louco (ou do fim do mundo)
Te amar sem que ninguém saiba. Sem que ninguém pense.
É bom porque ninguém julga, ninguém tenta medir.
Eu te amo, nós nos amamos e fica só por isso. Nós por nós mesmos.
Um amor nosso. Exclusivo.
Ninguém mais sabe, ninguém mais vive, ninguém fuxica.
Esquenta quando queremos que esquente e esfria quando tem que esfriar.
Tem força pra explodir e tem cautela pra despistar.
Tem vontade de viver. E luta pra persistir.
É bom te amar assim.
Amo quando posso e quando não posso luto pra esquecer. Fingir que esqueci.
A gente alimenta, ele cresce. A gente educa, ele evolui. A gente dispersa, ele invade.
É bom amar com cuidado. E eu preciso cuidar de você pra continuar te amando. E tenho quase certeza que só perdura assim porque esse é o combustível: o cuidado que temos um com o outro.
Li um dia que amar é dar-se ao próximo e que relacionamento é a escolha de quem quer fazer alguém feliz e não se sentir feliz.
Não sei qual é a nossa... às vezes me escapa. Mas não me prendo a rótulos. Não preciso saber o que é nem que nome dar. Sei o espaço que ele ocupa em mim. Já basta.
É bom te amar assim. De um jeito que só você entende e que você gosta.
É maior que eu.
24.11.08
Do fim do mundo (ou do amor louco...)
Do fim do mundo (ou do amor louco)
Não sei quem sou eu pra poder julgar ou dissertar qualquer palavra pra falar de amor. Poemas, textos, músicas, melodias ou livros que tentem se aproximar do significado do sentimento mais inexplicável já vivido pelo homem na terra sempre deixam a desejar. Não que não digam nada, mas sempre deixam algo faltando. E será assim sempre. Não tem como resumir AMOR ou AMAR alguém. Cada um ama a seu jeito... mas tem gente que extrapola.
Não quero julgar, como já disse. Não quero fazer piadinha, embora, mesmo sem intenção, esse texto comece a ficar bem humorado desde já. Mas a verdade é absoluta: o Marcelo Camelo está surtando!
Ele é prova viva do que é orgulho ferido. Após o recesso anunciado do Los Hermanos, cada um dos seus integrantes se dedicou a um projeto. O Amarante com a Orquestra Imperial, com Devendra Banhart e até com integrantes do Strokes. O Medina manda muito bem no blog dele, acompanha vários músicos de renome na MPB e está conhecendo o mundo tocando teclado. O Barba tem o Jason, muito boa banda também. E o Marcelo Camelo... bem... o Marcelo Camelo é o Marcelo Camelo.
Primeiro veio o disco solo. Um flerte entre surrealismo e Los Hermanos. De fato é um disco que não caberia na banda. É bom, porém, "avarandado" demais. É leso, lento, cansativo. Como se não bastasse, deu pra fazer shows de chinelo, violão e banquinho - um Juca Chaves acariocado. Com o perdão do neologismo.
A crítica não caiu matando, mas umas matériazinhas pertinentes trataram de dar uma sapecadinha no músico. Tudo bem... acontece. Mas aí veio "Os Imprevisíveis". Essa sim! Um misto da banda do Chaves (como classificou muito bem o Marco) com porra nenhuma. Barulheira infernal e descompromissada. Sem mérito algum... bem pelo contrário. Mas não parou por aí...
Ele foi pra internet e fez uma "orquestra" com vídeos do youtube. Nesse momento ele já se dizia maestro e teve a infelicidade de responder com uma piadinha sem graça a pergunta já sem graça de um jornalista do O Globo:
"- Qual o objetivo da orquestra?
- Dominar o mundo."
U-hu! Há tempos não vibrava tanto...
Mas hoje a bomba deu-se por completo. Marcelo Camelo, músico conceituado, cabeça ativa de uma das maiores bandas da atualidade, não está em seu juízo perfeito. Volto à dizer que não quero dizer que não é amor e nem julgá-lo por amar (ou não) a pobrezinha recém-lançada diva do folk nacional (!?), Mallu Magalhães. É que é coisa de louco!
Louco é pouco! Isso pra um ser humano normal seria, ao menos, pedofilia. Ela tem 16 e ele 30! O que será que eles conversam? O que será que eles sonham? Quais os planos que eles fazem? Casar? Ter filhos? Ou será que ele tá xavecando pra deflorar a pobrezinha? O que é que deu no Camelo? Seria o fim do mundo? Eita Jeová!
Eu que não entendo mais nada! Eis o que orgulho ferido pode causar em humanos antes considerados brilhantes. Ele tá se enfiando na lama! E sozinho! Daria o mundo pra ouvir o que o Amarante e o resto do Hermanos pensa disso... é coisa de louco mesmo... sem comentários.
Deixo aqui meu apelo urgente ao pessoal do Los Hermanos: LIGUEM PRA ELE AINDA HOJE! Peçam pra se reunir, pra tentar voltar, pra gravar um Acústico! Se ele continuar nessa de não ter nada pra fazer e querer brigar o tempo todo por mídia, não sei o que acontecerá. É imprevisível (juro que isso não foi um trocadilho)... o mais aceitável agora, seria, no mínimo, uma parceria com o Amado Batista, Agnaldo Timóteo ou sei lá o quê...
PuLtaqueoparil!
18.11.08
SOLITÁRIO
Augusto dos Anjos
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
-- Velho caixão a carregar destroços --
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
11.11.08
Rabiscos...
eu quero mais e quero sóbrio
quero poder ver o que faço
onde chego, o que provoco
eu quero mais e quero louco
de qualquer coisa, sentimento
ódio, amor, tesão, desespero
eu quero mais e espero tudo
quero viver o inevitável
flertar com o impossível
sonhar com o inefável
eu quero mais e quero intenso
intenso como eu fui
intenso como eu sou
intenso como te desejo
4.11.08
De um mestre...
"Assim como lavamos o corpo deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa - não para salvar a vida, como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos, a que propriamente chamamos asseio.
Há muitos em quem o desasseio não é uma disposição da vontade, mas um encolher de
ombros da inteligência. E há muitos em quem o apagado e o mesmo da vida não é uma forma de a quererem, ou uma natural conformação com o não tê-la querido, mas um apagamento da inteligência de si mesmos, uma ironia automática do conhecimento.
Há porcos que repugnam a sua própria porcaria, mas se não afastam dela por aquele mesmo extremo de um sentimento, pelo qual o apavorado não se afasta do perigo. Há porcos de destino, como eu, que não se afastam da banalidade cotidiana por essa mesma atração da própria impotência. São aves fascinadas pela ausência de serpente; moscas que pairam nos troncos sem ver nada, até chegarem ao alcance viscoso da língua do camaleão.
Assim passeio lentamente a minha inconsciência consciente, no meu tronco de árvore do usual. Assim passei o meu destino que anda, pois eu não ando; o meu tempo que segue, pois eu não sigo."
Fernando Pessoa.
3.11.08
De volta...
Ela voltou. Ela voltou mais forte, mais quente, mais intensa, mais avassaladora que nunca.
Aperta meu peito, reprime meus sentimentos, meus objetivos, meus ideais. Ela invade a minha cabeça e ocupa todo e qualquer pensamento. Me deixa o dia todo ligado à mil. As pernas que chacoalham sem perar, as mãos que não sabem o que escrever, a língua que não profere palavra alguma com sentido. Ela está de volta.
As noites são mais curtas, o sono muito menos intenso. Qualque barulho, qualquer música, qualquer pergunta é o suficiente pra me tirar de onde estou e me colocar de volta a algum lugar do passado. Ela está de volta.
Dessa vez chega a sufocar. É muito mais intenso que antes. E é pior, muito pior. É pior porque, mais uma vez, sei o que fazer, mas não tenho coragem de fazer. Ou, mais uma vez, não sei se estou preparado pra fazer. É tudo confuso. E com ela aqui, a coisa só piora.
Ela voltou e já me ocupa há uns dias. A saudade tá na minha porta mais uma vez e por mais que eu saiba o que fazer com ela, não sei se devo e nem se estou preparado.
29.10.08
Sol de montanha
você sabe de tão pouco e nada do que eu diga vai te clarear as idéis, pois, essas, são minhas idéias. não há como saber o que você pensa, pois, esses pensamentos também são meus.
mas há como dizer qualquer coisa sem sentido que passe por você. sim, só passa por você. você conseguiu se tornar imune as minhas palavras - sejam lá de categoria elas forem. você escuta e não absorve. admira, mas não deixa te influenciar. você gosta, mas prefere deixar de elogiar.
e eu ainda penso no que te dizer pra te fazer estar aqui de novo, no momento em que eu preciso. em vão, eu sei, mas, qual seria a graça da vida se eu desistisse?
"sol de montanha". eu li isso em algum poema uma vez. e é exatamente o que eu sinto agora. de qualquer maneira, eu estarei sempre coberto por um pedaço seu.
28.10.08
...
23.10.08
Jesus não tem dentes no país dos banguelas
a primeira vez que ouvi isso achei que fosse qualquer blasfêmia idiota. coisa de roqueiro-ateu-maluco, Arnaldo Antunes. mas hoje entendi o significado da bagaça.
por default a gente age como a sociedade impõe. alguém que fala qualquer coisa que não seja "Jesus Cristo!", "Santo Deus!", "Nossa Senhora" e que atribua diretamente qualquer adjetivo a um nome santo, será, quase que certamente, crucificado. a blasfêmia, assim como o palavrão - já dizia Dercy Gonçalves - está em quem escuta.
partindo desse princípio ouvi a música mais de quinhentas vezes. tentei encontrar milhões de efeitos, vozes ou qualquer nota que me disesse alguma coisa. em vão, claro. a mensagem era simplesmente brilhante e estava na minha cara o tempo todo.
JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS
JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS
JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS
e o troço ia repetindo e repetindo e repetindo e me veio um clique mágico à cabeça. desses que acontecem de anos em anos e que na maioria das vezes não passam de um flash que não quer dizer nada. mas esse aí me disse alguma coisa...
"êpa! é claro! lógico! óbvio! como é que não pensei nessa merda antes?"
gritei e chamei meu irmão e pedi pra ele ouvir a música.
JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS
JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS
JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS
"é Titãs, né?"
"é."
"e essa letra é do Arnaldo Antunes, né?"
"é."
"não consigo entender nada do que ele quer dizer cantando essas coisas. eu gostei da música da mina que dispensa o cara..."
"que música é essa?"
"aquela do 'ela goza com a mão, não precisa do seu pau'."
"ah... mas e essa?"
"essa o quê?"
"essa música 'JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS'???"
"ah... não sei. não tem muita graça..."
"presta atenção, mano... é mó mensagem decente. pensa um pouco JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS..."
"ah... esquece, mano... to legal de Arnaldo Antunes..."
e, dito isso, virou-se e saiu do quarto. me deixou lá. eu, o cigarro, um riso de lado de quem sacou a idéia do poeta e a música JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS repetindo zilhões de vezes JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS.
claro, não vou dizer qual é a do poeta. cada um no seu quadrado.
22.10.08
the past is a strange place
e vai ser assim pra sempre. mesmo sendo passado, o passado é sempre presente. discordo vêementemente de quem usa o jargão patético do "quem vive de passado é museu". o passado é, acima de tudo, o formador de caráter de qualquer ser humano.
é no passado que estão seus erros e seus acertos. é do passado que você tira base e fundamento para dar os próximos passos. posso até cair em contradição, mas como mudar é natural, eu também discordo putamente do papo de "só me arrependo do que não fiz" - outra mentira que se tornou verdade com base na hipocresia humana. todo mundo diz, mas ninguém encara assim.
eu me arrependo de muita coisa que eu fiz. e se torna paradoxal a partir do momento em que, mesmo sabendo que agi errado, aprendi algo que realmente fez diferença. não preciso citar exemplos, mas se ficar vago, aprendi que AMOR precisa ter limites, e AMAR não. entenderam?
a gente vive de "revival". tudo na vida é reviver. tudo é olhar o que aconteceu antes e, quando o fato não se torna diretamente ligado ao que vivemos hoje, tirar base pra viver o hoje. mesmo sem esperar nada do amanhã. tá confuso, né?! mas é assim mesmo. a chave do negócio é essa aí.
saber o que fizemos, saber o que estamos fazendo e saber o que vamos fazer é simples e puramente suposição. a gente é cheio de planos o tempo todo. "amanhã vou fazer isso cedo, depois isso à tarde e isso à noite". vivemos nos programando mesmo sem saber o que a vida programou pra gente. de repente uma cerveja é muito, de repente é pouco. de repente o caminho de volta pra casa se torna um grande labirinto de desejos perdidos numa boca que você encontrou dentro de um coletivo ao sair do serviço. e aí todos os planos de "vou fazer isso amanhã cedo" acabam morrendo porque "amanhã cedo" você vai estar em outros braços, confortavelmente envolto por um edredon e, tenham certeza, não vai pensar em sair dali tão cedo.
a vida tem várias faces e nós nos acostumamos a olhar uma só: a nossa. isso nos limita a diversas coisas e por muitas vezes acaba nos tirando algum prazer em estar vivo. e aí mora o perigo.
eu não tenho a receita de como olhar as várias faces da vida. cada um faz isso como bem entender. o papo é olhar pra você. olhar o que tem dentro, como está organizado, se está organizado e como ficaria melhor organizado. a mudança SEMPRE parte de nós mesmos. e talvez, de algum jeito, eu esteja vivenciando uma mudança grande na minha vida.
deve ter sido o peiote ou o DMT ou o LSD de ontem.
(a última frase, acreditem, é mentira... inelizmente.)
21.10.08
etnerf arp sart ed odut at
ainda tem muita coisa que eu não entendo. cinco dias de negociação, as reféns em poder de um cara por mais de cem horas e um desfecho patético como esse. o que será que deu errado? eu respondo. no meu ponto de vista. e digam o que quiserem.
dois tiros disparados em direção das autoridades. duas garotas menores de idade em cárcere privado. pergunto: um cidadão desses é HUMANO? um cidadão desses merece atenção de Sônia Abrão, de promotor de justiça, de TV Record? um cidadão desse tem condições de EXIGIR alguma coisa?
a omissão das autoridades exterminou o caso. não tem diálogo? não tem acerto? liga pro senhor governador e pede pra ele convocar uma coletiva, chama toda a putada dessa mídia safada, manipuladora e sensacionalista e coloca tudo ali sentado, escutando sem abrir a boca.
recado do governador do Estado de São Paulo: "senhor Lindemberg, as possibilidades de acordo estão se esgotando. já faz mais de três dias que tentamos, em vão, que o senhor se entregue e saia daí com garantia de vida e direito a um advogado para defendê-lo. essas são as últimas ofertas das autoridades responsáveis. o senhor tem mais um hora pra se entregar ou será expedida imediatamente uma ordem MINHA autorizando o trabalho da PM."
pronto! caso resolvido, simples assim. se o mané não se entregasse, a PM atiraria pra matar e resolveria o caso. mas não... os direitos humanos cairiam de pau em cima de todo mundo, afinal, era só um "jovem, trabalhador, apaixonado".
PRO INFERNO COM ESSA HIPOCRISIA DE MERDA!
isso é de dar nojo. é tosco, feio, sujo e muito, MUITO hipócrita! todo mundo querendo aniquilar aquele filho da puta e meia dúzia de gente que finge acreditar em gente se preocupando com a "integridade" de um seqüestrador? façam-me o favor! e a menina? a família da menina? ela MORREU. MORREU! quais são os direitos humanos pra ela agora? doar os órgãos pra salvar mais vidas que podem cair na mão de um maluco como esse aí e acabarem do mesmo jeito? tudo errado.
ainda me vem brasileiro que mora nos USA, que treina a SWAT e a puta da mãe dele dizer que tem vergonha de ser brasileiro. a porra da Rede Globo deveria ter EDITADO a matéria e calado esse infeliz. ele não tem o que comparar! aqui as leis são outras ele, como "especialista" no assunto, deveria saber disso.
e é perito, psicólogo, comandante, tenente, promotor, todo mundo querendo uma casquinha de tempo na TV, seja lá com quem for. já viram coisa mais absurda que uma apresentadora de TV falar AO VIVO com um seqüestrador? já pensaram nisso? temo que a grande vilã dessa história tenha sido a imprensa. confundem o crepúsculo do céu azul com o pêlo mais crespo do... joelho. sem comentários.
a Record e a Universal são de dar medo. é impressionante o poder que eles tem de esfarelar o caso e bater na mesma tecla o tempo todo. sem contar a direção da emissora que acaba por deixar os apresentadores com cara de fuinha no ar. o Britto Jr. foi OBRIGADO a mudar de opinião cinco ou mais vezes de acordo com o teor da notícia que vinha do "departamento jornalístico da Rede Record". sujo.
e eles vão investigar o GATE! e o Lindemberg pode responder processo em LIBERDADE.
"isso aqui ô ô
é um pouquinho de Brasil ai ai
esse Brasil que canta e é feliz, feliz..."
Deus meu, tende piedade!
à polícia poder de polícia. e a polícia civil que me perdoe: quem eles são? mas que merda! a porra da PM não é do ESTADO. Estado = Instituição. é do GOVERNO, força maior dentro de uma democracia. porque é que a polícia civil quer brincadeira com os militares? onde está o tal respeito? onde está o tal governador que DEVERIA PROTEGER AS FORÇAS ARMADAS DO ESTADO? senhor Zé Serra omisso pra cacete!
não gosto de falar de Brasil não, mas não dava pra deixar passar...
20.10.08
...
"liberte-se", ele disse, me empurrando um pedacinho de cartolina verde água.
"que porra é essa?"
"candy."
"até onde eu sei, isso é música do Iggy Pop com a mina do B-52's."
"to falando sério. liberte-se!"
"me libertar do quê?"
"das correntes da sanidade."
"e desde quando eu uso correntes de sanidade?"
"desde sempre. esse seu jeito 'porralôca' é só uma maneira de tentar ser diferente e..."
"você força. força demais. não tento ser nada. to simplesmente voltando a ser quem eu sempre fui antes..."
"não vá culpar uma coisa ou outra pelo resto de vida que você se tornou agora. não tem essa. toma isso aí e liberte-se. vá! uma vez só e você nunca mais precisará voltar a ser o que você é agora."
"mas não me interessa nenhum pouco deixar de ser o que sou agora."
"isso porque você é orgulhoso pra caralho."
"isso porque tenho motivos pra me orgulhar, palhaço!"
"ah... faça-me o favor! deixe as pidas pra mais tarde, depois que isso dissolver na sua boca."
"não to afim, velho. é sério..."
"tá sim. você sempre tá afim de uma testadinha qualquer nos seus limites.. no fundo, no fundo, você sente prazer em ser um beberrão de primeira linha e um protótipo tosco de junkie bem intencionado. ainda faz pinta de intelectual com textozinhos baratos num blog de quinta!"
o filho da puta disse isso e riu de mim. eu peguei o troço e enfiei na boca, em cima da língua.
"isso, mané! agora espera... espera e não precisa me agradecer." - voltou a rir de mim, colocou a cartola novamente e sumiu na neblina.
(provavelmente continuará um dia.)
15.10.08
You know I'm no good
e é essa merda de fim?
eu ter me dado desse jeito
me entregado desse jeito
pra você agir assim?
você é uma estúpida.
uma puta duma vadia estúpida!
vai fingindo que não vai sentir
vai pensando que é fácil, que será fácil
amor igual à esse aqui, honey, não se encontra por aí não
e quando você estiver se fodendo atrás de qualquer braço
onde não te caiba como você sempre coube em mim
o vento mais gelado do frio mais humilhante
cortará seu rosto e te deixará com lágrimas frias nos olhos
com as mãos trêmulas você sentirá seu ombro curvado
frio, magro, sem força
você vai chorar, vai praguejar contra a sua escolha
vai falar mal de você, vai beber, se drogar, se acabar
sem modéstia alguma, eu posso ver seu fim
posso te ver pedindo por misericórdia pra encontrar um lugar pra dormir
um ombro pra chorar e quaisquer palavras chulas como essas pra escutar.
você vai se lembrar de mim e se sentirá um nada por isso
a escolha foi sua
as minhas loucuras todas pra tentar te trazer de volta eu já fiz
as chances, quantas, já desperdiçou - jogou tudo fora
você me mandou embora. e eu te tirei de mim
sem sarcasmo, nem sadismo, sou desprovido disso
não quero te ver sofrendo por aí
então, caso essa profecia se confirme
suma da minha vista. eu não mereço.
9.10.08
... Darling you will not ease my worried mind
quando eu digo que não esqueci e que ainda sei de todos os cheiros, gestos, gostos e o jeito que os lábios dela ficam gelados enquanto ela geme, eu não estou mentindo. ela continua a mesma. ainda bem.
confessei a ela as minhas segundas intenções logo que nos encontramos. e ela riu. e confessou que a intenção dela era realmente me arrastar pra casa dela. e eu ri.
bebemos alguma coisa. e, pela primeira vez, não foi muito. bebemos o bastante pra relaxar ainda mais e descontrair mais o clima que já era descontraído demais - pensem que num dos nossos beijos o bar gritou "u-hu" e bateu palmas. e é a mesma coisa. o jeito de beijar, de pegar, de apertar. realmente inesquecível. e nem tem porque tentar esquecer.
o papo fluiu legal. ela ainda tem os segredos guardados nos pedaços (muitos) de papel que mandei à ela a muito tempo atrás. e ela os lê até hoje. e ri até hoje. o jeito que ela explica como gosta de mim, como me quer perto dela "mesmo que seja só pra sair mesmo, sem se pegar". EU DUVIDO. o dia que sairmos juntos e não "nos pegarmos" é porque realmente não existe nada mais entre a gente. nem esse tesão, essa paixão, esse fogo, esse desejo incontrolável de morder, apertar e ouvir gemendo. é, ela é realmente bem interessante.
não tem muito o que dizer. aliás, não preciso dizer muito à respeito dela. é sempre bom ter colo quando se precisa. e é mais lega dar colo quando alguém precisa.
8.10.08
You got me on my knees...
o dia estava mais cinza que de costume. muito mais cinza que o tom de cinza que eu gosto. e estava frio, garoa fina que corta o rosto, braços curzados e óculos respingados de gotinhas frias, gélidas, transparentes e chatas. era um dia chato. mas havia a esperança iminente que poderia melhorar a qualquer momento. mas pra isso eu tinha que esperar.
aconteceu ontem. na verdade já vinha acontecendo. essa minha solteirice tem me prejudicado em alguns pontos. mas, pesando os prós e os contras, é bom estar solteiro. sem dúvida.
foi num dia frio, menos que esse, num bar depois do serviço. fui beber com um amigo, conversar da vida, das coisas, das mulheres e das últimas novas a respeito da vida sexual alheia. mas fui acometido por uma onda súbita de carência. e realmente senti saudade dela. resolvi, sem mais nem menos, ligar pra dizer oi. caiu na caixa postal.
"é... oi. você sabe quem está falando, não vou dizer quem é. só queria dizer oi mesmo, dizer que estou com saudade e queria te ver. to precisando de colo. beijo."
e colou. ela me mandou mensagem no dia seguinte, me desejando bom dia. de lá pra cá temos nos falado com freqüência. ontem, por exemplo.
"e aí moço?"
"tudo bem e vc?"
"bem também."
"legal... e vamos mesmo sair essa semana?"
"amanhã é um bom dia, não?"
"ah, é. sempre é bom sair com você. só to tomando remédio, não dá pra encher a cara."
"nossa... esse final de semana eu passei mal. saí pra conversar com um amigo, mas, quando ele começou eu vi que a noite ia ser longa e resolvi comprar uma garrafa de conhaque."
"nossa. conhaque é foda..."
"você já tomou uma garrafa de conhaque comigo!"
"ah... mais fácil dizer o que nós não tomamos juntos. do whisky a cachaça, passamos por tudo."
"é. whisky mesmo nem tanto!"
ela ria espontâneamente como sempre foi. e ela tem uma risada aconchegante, por assim dizer.
continuamos tecendo um diálogo que ia do céu ao inferno em diversos momentos engraçados e diferentes. acho que nunca conversamos tanto sobre coisas tão superficiais como fizemos no telefone ontem. achei diferente.
o final da coversa ela arrematou com aquele jeito direto de falar o que pensa sem pestanejar.
"tudo bem então, nos vemos amanhã."
"certo. onde?"
"perto da sua casa mesmo. mas não tão perto!"
"entendo. beleza, nos falamos!"
"tá eu ligo amanhã ainda. mas... já vou avisando: se tiver com segundas intenções, saiba que engordei um pouco porque parei de usar os baratinhos..."
eu ri. ri muito e disse que tudo bem, que não tinha nada a ver. mas sabia que não era esse o final do diálogo. ela foi direta como sempre, mas estava na hora de eu ser direto também, mas já tinha perdido a oportunidade.
a resposta correta seria "mas você está com segundas intenções também?". mas me calei. embora estivesse com segundas intenções. ou melhor, embora ESTEJA com segundas intenções. creio que ela não tenha virado uma bola. ela sempre exagerou em relação à seu peso. e de besteira.
me lembro bem de seus atributos físicos. de seu cheiro. seus cabelos, seu toque, sua voz, seu hálito, o modo como seus lábios ficavam gelados enquanto ela gemia com a boca aberta me apertando contra ela cada vez mais forte. é por lembrar de tudo isso que senti saudade.
foi um amor bem vivido. a nosso modo, mas bem vivido. descobrimos muita coisa juntos e muita coisa a nosso respeito. preferências, segredos, o jeito de tocar, de apertar, de sentir. brigamos, exageramos, choramos - ela deve ter ainda com ela os nossos maiores segredos escritos num papel. ou em vários papéis.
são muitas coisas juntos. muito tempo juntos. a última vez que nos vimos e demos corda às nossas segundas intenções já tem bem uns três anos, eu acho. foi num intervalo que tive com minha ex-quase-esposa. não dá pra dizer não. é maior que nós. por respeito mesmo é que não fodemos com todos os nossos relacionamentos juntos. evitávamos qualquer contato e qualquer garrafa de vinho tinto barato. sempre foi melhor assim.
mas hoje, hoje é diferente. estamos os dois afim de colo, afim de afinidade. nem que seja só pra passar frio juntos e se aquecer pelados embaixo de um cobertor vagabundo. ou só pra abraçar e beijar na rua com gosto de vinho barato. hoje é pra curtir, rir e relembrar o que fomos um dia e jamais voltaremos a ser - e ela ligou.
deixa o desfecho da história pra amanhã. pode ser que o recado no telefone agora não seja dos melhores. ou pode ser que eu tenha motivos pra parar de falar e deixar mesmo pra escrever mais tarde.
3.10.08
Sexta...
Voltei à estaca zero: não tenho nada pra escrever.
Mas citarei o mestre Chico que, com sabedoria, resumiu em duas das estrófes de "Futuros Amantes" algo que completa o post de hoje. E talvez explique um pouco do meu estado de espírito.
"Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você"
Is Friday and I'm in love.
Até a volta.
29.9.08
...
Às vezes acontecem umas crises de carência. E eu adoro cerveja... cerveja, carência e cabeça vazia. O resultado não poderia ser outro. Aos poucos o copo esvazia e a cabeça enche. Passou alguém com o perfume dela. O mesmo cheiro... fui direto nas nossas melhores cenas, nas melhores noites, risadas e farras. E me deu saudade. Não é tão canalha assim: eu senti saudades.
Peguei o telefone e liguei. Não sei se por sorte ou por azar, deu caixa postal... mas eu tinha que dizer qualquer coisa. Algo que realmente fizesse diferença. Não disse meu nome. Disse que ela sabia quem estava falando, que era só pra dar um oi e dizer que eu estava com saudade, precisando de colo.
O final de semana passou inteiro, sem novidades. Hoje acordei com uma bela mensagem no telefone: "Bom dia, gatinho!". E a segunda-feira mudou de cor. Graças a Deus.
25.9.08
Pra que você saiba
Não sei o que ma traz até aqui de novo. Nem sei se deveria estar aqui de novo... mas é uma maneira de te deixar por perto... sempre que preciso de qualquer palavra que possa me preencher - mesmo que seja só por alguns vãos minutos.
Eu já posso te olhar sem que você saiba. Posso te entender sem que você perceba. E esse processo recíproco de conhecimento simplesmente me encanta, envolve, preenche, satisfaz...
Não sei porque, não sei se devo, mas não há nada que me impeça de fazer... pelo menos agora.
Você faz falta.
23.9.08
Novela
Não se agüentaram de vontade e marcaram pra se ver. Mesmo estando errados, se entregaram um ao outro pra tirar a prova do que seria ou deixaria de ser. A conclusão não podia ser outra.
- A gente já sabia que ia ser bom.
- Só não lembrava que você beijava tão bem assim...
Risos sem graça, outro abraço, mais um beijo. Ela pergunta:
- O que eu faço com você?
- Faz o que quiser. Estou aqui por você. Pra você.
- Ai... eu sei o que eu tenho que fazer. Mas não sei como fazer...
- É. Não é fácil. Complicado demais mesmo... Mas você não precisa se decidir agora. Pensa com calma, pondera... Às vezes você é tudo o que eu queria ao meu lado.
Suspiros. Silêncio. A hora passa. Hora de ir embora... um abraço mais apertado, mais um beijo. Ele se despede.
- É isso. Pensa direito. E se cuida... juízo!
- Mais do que eu já tenho? - ironiza ela, rindo.
- Mais. Muito mais...
A noite passou menos tensa. Ele dormiu mais tempo entre um rosto e outro. Embora já tivesse tomado uma decisão, outra coisa ainda o ocupava a cabeça o tempo todo.
No outro dia, eles se falam.
- Andei pensando... acho que não ando valorizando o que é meu. Precisava me encontrar, isso me ajudou muito, mas não posso acabar com tudo assim.
- Estranho... eu tive a mesma impressão! É melhor deixar tudo como está.
- É. Vamos esquecer tudo isso... - ele interrompe.
- Esquecer não dá. Mas a gente finge que nada aconteceu. E teremos outro segredo pra vida toda. Eu gosto muito de você e te quero perto de mim.
- Eu também. E vai ser melhor assim.
- Vai sim. Com certeza.
Eis o primeiro desfecho. Ao final do quarto capítulo...
De volta ao marco zero, o recomeçar da caminhada. Agora, porém, com a cabeça no lugar certo, com experiências a mais e a certeza de que a sinceridade é a chave para qualquer relacionamento. Mas... nem tanto.
17.9.08
Novela...
- E é isso. Não rola mais... eu estou apaixonado por outra pessoa. Não é legal te fazer de besta, mentir, não corresponder aos seus sentimentos...
- E eu to cansada de tudo isso.
- Tudo bem. É por isso exatamente que eu quero parar por aqui, já. Vou atrás do que ando sentindo. Não estou feliz e não estou te fazendo feliz...
- Eu pedi pra que você não confundisse os meus sentimentos e você...
- Eu sempre joguei limpo e sempre fui sincero, mas você sempre, sempre, sempre, fantasia a coisa toda a seu favor. Não sei se não quer ver ou se prefere não acreditar...
- Para de me tratar assim...
- Isso tudo só está acontecendo porque você quer. Preciso de um tempo, temos que parar por aqui. Se eu tiver que voltar, voltarei, pode ter certeza! Se eu descobrir que é com você que eu quero ficar, estarei aqui novamente te pedindo pra voltar. E se a fila já tiver andado, isso é problema meu.
- Tá.
- Não fica assim. Você sabe que eu nunca quis te fazer mal. Você é uma pessoa maravilhosa, encantadora, bem diferente da que eu conhecia antes, porém, não está rolando. Não posso te fazer mal... e sei que estou fazendo.
- Eu sei de tudo isso mas quero você assim...
- Não. Eu não me dou assim. Preciso ser seu por inteiro e não está rolando... é melhor parar.
Silêncio.
Voltou pra casa e tentou dormir. Acordou muitas vezes à noite toda, cada vez com um rosto no pensamento.
15.9.08
Novela...
O ritmo dos pensamentos é frenético. Eletrizante. Sensações em cima de sensações.
A cidade ainda é clara. Todos conseguem olhar pra ele e saber o que está fazendo, embora não entendam (e jamais entenderiam) o que aquilo significa.
- Eu, você, nós dois... outra vez. Perdidos...
- Acho que é sentimento demais. A gente não devia se entregar a isso assim...
- Jura? E eu faço o quê? Minto pra mim mesmo? Finjo que você não faz diferença? Finjo que você não me chama atenção, não mexe comigo?
- Para com isso, vai.
- Não tem que parar, linda... não tem e não pode parar. Acho estupidez a gente negar - ou fingir que nega - essa coisa toda. É tudo maior, muito maior que a gente...
- Tem tanta gente envolvida. Tenho medo de pensar no que isso vai dar... - ele interrompe.
- Peraí. Não tem essa. Não tem essa mesmo. Ou é pra partir pro arrebento, pra cima de tudo, ou é pra deixar no gelo.
- Ficar cozinhando isso só me desgasta mais.
- Com certeza.
- Ao mesmo tempo tenho medo de me dar à você por completo. É tão bom assim...
- É. É bom, mas é canalhice. Minha e sua.
- Eu sei. E talvez seja esse o tempero...
- Ah! Faça-me o favor...
- Juro. De repente, se institucionalizarmos nossa relação, tudo vem abaixo. Tudo acaba de uma vez... perderíamos o tesão da coisa...
- Jesus! Me sinto sujo ouvindo e participando disso. Mas, sei lá, sujeira por sujeira, você tem razão. Ninguém presta...
- Você presta. Mesmo achando que ninguém presta...
Beijos estalados de olhos fechados e um silêncio copioso envolve a atmosfera naquela tarde.
- Sujeira... sujeira demais. E, não vou negar, linda...
- Quê?
- Eu adoro tudo isso!
Risos, mãos dadas, goles no refrigerante e um pôr-do-sol que parecia entender completamente o que era aquilo ali.
12.9.08
EDIÇÃO EXTRA
"Nós, cidadãos e cidadãs que ainda acreditamos que a ética e a transparência são essenciais à política e à democracia, repudiamos veementemente os atos de hostilidade contra a vereadora e candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, e consideramos inadimissível qualquer tentativa de intimidação ou ameaça de punição pelo simples fato de manifestar o seu pensamento e as suas opiniões.
Estamos todos solidários à vereadora Soninha neste momento, pela coragem de jogar luz sobre a obscuridade da Câmara Municipal de São Paulo - e pelo desprendimento de abrir mão de uma possível reeeleição como vereadora para entrar em uma campanha majoritária e influenciar decisivamente nos rumos do debate político e programático da cidade.
Quando Soninha afirmou na sabatina do jornal "O Estado de S. Paulo" que os vereadores paulistanos fazem acertos de todos os tipos e diferentes nuances, mais ou menos republicanas, para a aprovação de projetos na Câmara, foi como se riscasse um fósforo sobre um barril de pólvora.
A grande maioria dos vereadores simplesmente não admite que algum de seus pares questione as práticas e métodos próprios do parlamento paulistano. Quase como o "código de honra" da máfia, que manda exterminar quem se opõe às regras do crime organizado, alguns vereadores pedem a cabeça de quem ousa questionar o modus operandi das negociações realizadas na Câmara Municipal.
Não é segredo para ninguém que os projetos de lei - seja de iniciativa do Executivo ou dos vereadores - só entram em pauta após acordo entre os líderes partidários. Como se chega a esses acordos é o grande tabu - que a imprensa não aprofunda e que Soninha vem apontando desde o seu primeiro ano de mandato, sem grande repercussão.
Agora que é candidata à Prefeitura, as mesmas declarações ganham um enfoque diferenciado. Mas a nossa indignação é a mesma de Soninha contra essa prática dos vereadores paulistanos - que, em vez de pedirem a apuração das acusações e o esclarecimento das suspeitas, querem a punição da acusadora. Muito singular este senso de justiça e transparência.
Porém, São Paulo reivindica um novo parâmetro ético para qualificar o debate e dignificar a nossa representação política. Assim, a postura de Soninha deixa de ter apenas um caráter partidário para se transformar em um clamor de todos aqueles que amam esta cidade e desejam resgatar os sonhos e a esperança de uma sociedade mais digna, justa e humana."
Roberto Freire, presidente nacional do PPS
Fernando Gabeira, deputado federal pelo PV-RJ e candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro
Manuela D'Ávila, deputada federal pelo PC do B-RS e candidata à Prefeitura de Porto Alegre
João Batista de Andrade, cineasta e ex-secretário estadual da Cultura
Paulo Baia, professor do Departamento de Economia da PUC
Sérgio Salomão Shecaira, professor titular de Direito Penal da USP
Alberto Aggio, historiador e professor livre-docente da Unesp
Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos
Clarice Herzog, publicitária
Arrigo Barnabé, músico
Cláudio Kahns, cineasta
Ana de Hollanda, cantora e compositora
Gunnar Carioba, administrador
Tereza Vitale, coordenadora nacional de Mulheres do PPS
Hercídia Mara Facuri Coelho, pró-reitora acadêmica da Universidade de Franca
Luís Mir, historiador
Dina Lida Kinoshita, doutora em física da USP e membro da Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância
Giovanni Menegoz, tradutor
Tibério Canuto, jornalista
Eliete Negreiros, cantora e pesquisadora de música popular brasileira
Silvano Tarantelli, jornalista
Wanderlei Silva, diretor do Polo de Cinema e Video do DF
Diógenes Botelho, jornalista
Arnaldo Jardim, deputado federal
Davi Zaia, deputado e presidente estadual do PPS de São Paulo
Carlos Fernandes, presidente municipal do PPS de São Paulo
Nelson Teixeira, secretário-geral do PPS de São Paulo
Moacir Longo, presidente de honra do PPS
Maurício Huertas, jornalista e coordenador do Movimento Vergonha Nunca Mais, pela Ética na Política
10.9.08
Novela
- É bom estar contigo.
- E eu pensei que você nunca mais me procuraria.
- Não posso me privar de algo que me faz tão bem... mas, ao mesmo tempo, ainda estou naquela confusão patética de sempre... Pede outra cerveja pra gente.
- Tá.
Se levanta, vai ao banho, se lava, se seca, coloca a cueca e volta à cama. Ela repete os mesmos passos, coloca a calcinha, cobre-se com o lençol. Ao deitar, acende um cigarro.
- Conta aí.
- Tenho dó dela. Não consigo sentir mais nada. Nada mesmo. Ela não me excita mais...
- É, grandão. Acho que você cai no marasmo! - e riu copiosamente.
- Nada... você sabe que não me limitaria assim na vida. Ainda sinto tesão por muita mulher, você sabe. Só que com ela é diferente. Não dá mais... a química, o encanto... tudo acabou. Sabe Deus onde foi parar...
- É. Complicado mesmo... não vou dizer pra largar tudo porque estarei sendo tendenciosa... mas, de qualquer forma, você não pode se furtar de sentir prazer e também não pode fazer a coitada de idiota.
- Pior que eu acho que ela vai surtar.
- Ah! ISSO é mulher, amigo... não tem jeito. Sei do que estou falando porque falo com você como homem. Te dou os conselhos como se eu fosse ela, como se fosse a minha reação... sei como é... detesto esse joguinho, essa dependência.
- Ah, tá! E quer dizer que se eu não ligar mais você não surta?
- Não, garanhão! Não tenho seu telefone e nunca fiz questão de pedir. Adoro estar contigo, sinto que é recíproco, mas sei das suas limitações. Se um dia você nunca mais me procurar, tudo acabaria assim, simplesmente bom demais pra ter "raivinha"... sentiria muita saudade, só isso.
- Dá um abraço aqui...
- E o dia que você não for mais isso, eu não saio mais contigo.
- Isso o quê?
- Esse homem, macho, grosso, com essa risada debochada, esse modo de dizer que o mundo simplesmente não presta e que a humanidade toda é tosca. Isso é você. E é disso que eu gosto. - segue um silêncio compreensível.
- Ai, ai... que zona. Não sabia que viraria isso um dia...
- Ah, vá. Curta a vida, lindo... não tem nada demais nisso tudo. A gente é só isso mesmo... estômago e sexo. Não é?
- É.
- Vamos pensar em outra coisa... Quer mais uma?
- O quê? Foda ou cerveja?
Caem na gargalhada, mergulham em outro beijo e se entregam um ao outro, alheios ao resto do mundo.
Na hora de ir embora, caminhada até o metrô, um abraço discreto e a certeza de que voltariam a se ver.
- Eu te ligo.
- Eu sei.
E riram de novo.
8.9.08
"Menina do anel do lua e estrela..."
Olhos, boca, sorrisos...
Menina-moça, mulher, morena... um quê de praia, de sombra de coqueiro e areia branca de mar azul. Recifes de corais, copo de coca-cola, risos e violão.
Seu olhar tem sotaque. Tem paisagem... tarde, pôr-do-sol, silêncio... só o mar... só as folhas dos coqueiros se encostando umas nas outras... o vendedor de água de coco. Paz... a paz atormentada pela paixão que assolaria qualquer calmaria de mar-sem-onda. A paz que eu preciso. Tomada de uma pitada ardente de fogo de fogueira de junho e céu estrelado de dezembro, escuro, iluminado por milhões de estrelas, lá no fim, se juntando ao mar prateado da cor da lua.
Me faz imaginar tanta coisa. Parece que sei onde te vi a primeira vez... só não sei se estava lá também. Confuso...
Mas você me dá uma paz... me tranqüiliza.
Não sei mais o que dizer. Roubaste, morena, todas as minhas palavras e guardaste aí, dentro de ti, em algum lugar que eu ei de descobrir e decifrar, pela simples vontade de saber o que farás com elas.
4.9.08
Turbulência...
2.9.08
Extra!
Em caráter extraordinário, um texto que recebi por email e que não posso deixar passar em branco:
A chegada de Dercy no céu...
(podemos até ouvi-la falando)
- Porra, tá frio aqui em cima!
- O céu não tem temperatura. - pondera um porteiro celestial de plantão.
- Não tem é o cacete. Tá frio sim senhor - insiste Dercy.
- Prefere O inferno? Lá é mais quentinho.
- Manda tua mãe pra lá!
- Cadê O Pedro?
- Pedro só atende aos purificados.
- E eu tô suja por acaso: Tô cagada?
- Você primeiro tem que passar pelo purgatório, ajustar umas continhas por lá...
- Não devo nada a puto nenhum!
- Você foi muito sapeca lá por baixo.
- Como é que você sabe? Andava escondido debaixo das minhas saias?
- Dercy, daqui de cima a gente vê tudo.
- Vê porra nenhuma! Vê a pobreza, a violência, meninas de 4 anos sendo
estupradas pelos pais, político metendo a mão no dinheiro dos pobres,
cara cheirando até cocô pra ficar doidão? O que vocês vêem? Só viam.
- Você fala muito palavrão
- Eu sempre disse que o palavrão estava na cabeça de quem escutava. Palavrão é a fome, a falta de moral destes caras que pensam que o mundo é deles. Esses goelas grandes e seus assessores laranjas, tangerinas e o cacete.
- Está vendo? Outro palavrão.
- Cacete é palavrão, seu porteiro de meia tigela? Palavrão é puta que pariu!
(silêncio de alguns segundos)
- Seja bem vinda Dercy. Sou Pedro. Pode entrar.
- Porra! não é que eu morri mesmo! E o purgatório?
- Você já passou 101 anos por ele, lá em baixo. Venha descansar.
- É... tô precisando mesmo... Mas tira essa mão boba de cima de mim!
"Saudade de Goiás..."
Pode ser que seja mesmo a tal "saudade de Goiás". Goiás, sim. Eu não nasci lá, mas a família do meu pai é de lá. Ele nasceu em Rio Verde, perto de Jataí. Salvo engano, creio ser essa a terra de Leandro e Leonardo. E, claro, de mais outras milhares de duplas sertanejas.
Não sei realmente qual é a ligação entre música sertaneja e Goiás. Com exceção de Chitãozinho e Xororó, que se não me falhe a memória são paranaenses, as grandes duplas são todas de lá. Não sei se existe mesmo o fantasma do corno ou se é coisa de província... mas não é sobre isso que eu ia falar.
O que eu ia dizendo é que ultimamente ando escutando MUITA música sertaneja. Arrumei uma coletânea com mais de 50 músicas do Bruno e Marrone. E tem umas participações especiais de gente "da gema", ícones da música caipira: Milionário e Zé Rico, Marciano (acho que o João Mineiro morreu), Teodoro e Sampaio, etc. Muito boa! De lá pra cá já me peguei baixando muita música sertaneja da internet.
Gostei muito de César Menotti e Fabiano, apadrinhados por Jackson Antunes, o eterno sem terra da Rede Globo. Dizem que ele apresentou o... o... não sei se é o César ou o Fabiano, enfim, apresentou o cara como "Pavarotti do sertão". Claro que ele não canta um terço do que cantava Pavarotti, mas realmente tem um gogó e tanto. Outra dupla que não é exclusivamente sertaneja, seria um "new caipira", é Victor e Léo. Boa também... arranjos muito bem feitos, uns lances de violão muito bem criados, realmente de qualidade. Outros que vem na onda "nem caipira" é Edson e Hudson. Baixei o disco solo do Hudson, "Turbination". Exímio guitarrista, teve a ousadia de assumir em rede nacional que faz "country music" (ou "new caipira") porque dá dinheiro, mas sua paixão é mesmo o rock'n'roll... claro que ele deu uma firulada e disse que está muito ligado a música sertaneja por causa do pai. Enfim... pouco importa. Ele é bom na dupla mas é muito mais interessante no projeto solo.
A verdade é que muitas dessas "modas" me lembram minha infância. Meu tio tinha uma bela casa na Riviera de São Lourenço e minha tia sempre nos acordava com um CD do Chitãozinho e Xororó no "CD Player" prateado que ficava perto da bancada da cozinha. Foram dias inesquecíveis os que passamos por lá... lembro, realmente, com muita saudade. Deve ser por isso também que gosto tanto dessas coisas... sei lá.
1.9.08
Na companhia de ninguém...
Às vezes tudo o que a gente precisa é da gente mesmo. Aquele dia estranho, vazio, opaco, meio frio, meio quente, perdido... é a hora de sentar em algum lugar, pedir uma bebida qualquer, contemplar a paisagem tão normal que quase nunca contemplamos e que, sim, é dotada de qualquer beleza simples, porém, extremamente tocante - sempre faz diferença.
A sós, eu e eu mesmo, a vodka, o energético, a tarde cada vez mais fria, a garoa fina e uma cadeira VAZIA ao meu lado. Até que surge alguém com a estranha capacidade de reverter todo o sentimento daquela tarde vazia. Alguém que não sei de onde veio, pra onde vai ou porque apareceu ali... um anjo, talvez. Ou um demônio... vai saber...
Sentou, conversou, cativou e vai ficar pra sempre guardado em algum lugar meu. Levou consigo um pedaço e deixou um outro comigo. Essa troca foi extremamente importante. FEZ a diferença...
Onde estará agora...
27.8.08
Tá bom, mas cansa...
Sua voz no telefone, fazendo manha, me irrita. Todo esse mimo, esse grude, esse chiclete, essa dependência quase vital que você tem por mim me dá medo.
Eu disse e repeti zilhões de vezes que não era pra se envolver assim. Pedi que me entendesse e não confundisse as coisas. Implorei para que não nos rotulasse como "namorados" porque não estava nenhum pouco interessado ou afim de assumir compromisso nenhum. Você concordou. Disse que entendia e que nossa relação não precisava mesmo de rótulos. Mas mentiu... ou mentiu ou agiu de má fé, pensando que com o tempo um "namoro" se instituiria e que pra sempre eu ficaria preso à você.
Minha liberdade hoje tem outro preço. Minha liberdade hoje é a única coisa de que preciso no momento. Consegui me livrar de sentimentos, de paradigamas, de dogmas, porque não, que antes me mantinham preso a algum lugar no passado. Consegui me livrar de tudo isso, e aí encontrei você.
Deixei rolar. É legal... ótima companhia, divertida, inteligente. Realmente é bom sair com você. SAIR com você. Esse papo de ligar pra acordar, de receber 16 ligações das 7h da manhã ao meio-dia, mais 12 das 13h às 22h passou a me sufocar. Me sinto cobrado por algo que não existe. Pelo menos na minha cabeça, já que na sua houve essa fantasia toda.
Não estou preparado para assumir nada. Tenho medo de te magoar e te iludir. Sinto que o quê você sente por mim é muito maior ao que sinto por você e isso me enoja. Não gosto de enganar nem de iludir ninguém - não se brinca com sentimento alheio. Porém, por mais que eu tente esclarecer tudo isso, você, em atitudes cegas e desmedidas, contorna a situação, faz as coisas do meu jeito num desespero infindável que, creio e temo eu, seja simplesmente pra não me perder.
Ninguém perde ninguém. Só se perde algo que é seu e eu, definitivamente, não sou de ninguém. Pelo menos por enquanto...
Todo aquele papo, pérolas e mais pérolas aos porcos. Triste fim...
Tenho medo de dizer que não estou mais afim de você. Mas creio ser essa a única verdade na minha cabeça agora - na cabeça e no coração. Acho que bons amigos, bons beijos, boas baladas, risadas, enfim... sim pra tudo isso. Mas não, NÃO, para essa prisão, esse sufoco em que você me enfiou sem meu consentimento. Assim se perde qualquer um mesmo.