26.1.09

Doce Su...

 
sempre foi meio precoce. dizem que aos onze anos fazia e desfazia com os primos mais velhos. e ensinava os mais novos. aos treze já fumava e tomava cerveja na mercearia do seu Morel, no interior, onde nasceu, sem pagar com dinheiro pelo consumo. e o velho, irmão da igreja, estudando pra ser pastor, não relutava.

quando completou 17, milagrosamente sem filhos, com cara de moça tímida e jeitinho de caipira, veio estudar na capital. nunca foi gostosíssima, mas tinha uma bunda redonda, dura e sem marcas. peitos na medida, em total harmonia com o resto do corpo, cabelos longos e escuros, lisos e olhos pretos imensos e penetrantes. estudar era uma das coisas que ela menos gostava de fazer. mas fazia - sua mesada paga pelos pais era de acordo com as notas do colégio. virou-se como pode e hoje, aos 24 anos, Suellen é formada em comunicação, tem cursos de fotografia e de roteirista no currículo, fala inglês fluentemente, mas jamais deixou de pagar seus favores do modo que sempre pagou. gostava de sexo e o fazia sem restrições. feliz em gozar e por fazer gozar.

eram quase sete da manhã quando ela saiu da balada e foi para o metrô. da consolação para o paraíso, do paraíso para a sé e da sé para a barra funda. morava na Pompéia. tinha condições de levar uma vida de alto padrão. trabalhava bastante e no trabalho JAMAIS pareceu fazer o que fazia. sabia que valorizar o passe.

no metrô, cheia de desejo, olhava os caras e encarava seus paus com os olhos por cima da lente escura dos óculos. ela deixava que os caras percebessem que ela estava olhando. ficava ainda mais excitada com a sensação de cobiça que os outros lançavam sobre ela. numa noite, entre porres e tirinhos em seu apartamento com uma amiga, teve uma idéia. colocaria em prática assim que fosse possível: no próximo final de semana.

saiu de casa dando o último gole no copão de vodka com energético. na mochila, arrumou cuidadosamente um all star, um boné, uma camiseta do Vasco da gama e um bermudão de tactel amarelo. a intenção era exatamente essa: parecer um homem. foi pra balada, se acabou bebendo e dançando, se divertindo com os amigos. arrumou inclusive carona, mas dispensou. tinha seus objetivos claros em sua mente.

pegou o metrô, fez as baldeações e chegou à barra funda. entrou no banheiro feminino e saiu de lá como um homem. sentou num dos bancos e esperou pelo movimento no banheiro. olhava os caras de cima a baixo, examinava o volume nas calças, encarava pra ver se dava um caldo. o primeiro entrou e ela entrou atrás.

no mictório, encarava o pau do cara sem disfarçar. primeiro ele escondeu, pensando se tratar de um homem. mas ela abriu o velcro da bermuda e mostrou. depiladinha, linda e rosada, escorrendo um melado que indicava que ela estava realmente afim de alguma coisa.

com a cabeça fez um gesto para o cara ir até as cabines. mandou-o entrar e subir no vaso sanitário para que os pés não aparecessem por debaixo da porta. ele o fez. ela sacou o pau dele pra fora e começou a mamar cheia de gosto. engolia tudo, lambia as bolas, passava a língua na cabeça e deixava que ele se refestelasse roçando a pica em seus peitos. fez com que ele gozasse em sua boca, encarou-o com a boca cheia e engoliu tudo, beijou a cabecinha e guardou-o na cueca. virou-se sem cerimônias, saiu da cabine, lavou as mãos, deu uma enxaguada na boca e saiu do banheiro. sentia-se feliz, embora ainda ardesse de tesão.

sentou no mesmo banco e esperou pelo próximo. estava disposta a fazer ao menos três caras gozarem.

o outro era mais moleque. devia ter uns 21 anos, usava uma calça de moletom que marcava um pau enorme. ela suspirou quando o viu entrar no banheiro.

foi atrás, porém, esse não estava nos mictórios e sim esperando uma cabine. talvez por vergonha, pensou. olhou bem pra ele, abriu o velcro e mostrou a buceta. ele olhou e não acreditou. ela abriu novamente, enfiou o dedo médio lá dentro, tirou e lambeu. apontou a mesma cabine para ele com a cabeça. ele entrou e ela foi atrás. ele a beijava enlouquecidamente, parecia apaixonado. ela pediu que ele subisse no vaso, ele relutou, queria comê-la ali mesmo. ela explicou que não, ele subiu e colocou o pau pra fora. era realmente grande. ela sorriu, olhou-o nos olhos e começou a mamar furiosamente. engolia tudo e babava muito. o garoto gemia baixinho e ela, com a rola na boca, o olhava e sorria de canto, deixando-o ainda mais apaixonado.

ele tremia de tesão. ela não perdoava: mamava e batia uma pro cara querendo que ele jorrasse muito e rápido. ele tentava se controlar, mas a boca de Suellen era impiedosa. ele a encheu de porra, ela engoliu tudo, deixou o pau dele limpo como estava antes e, de quebra, ganhou outro beijo pra selar o compromisso. antes de ir, ele enfiou a mão em sua bermuda, tocou sua buceta, sentiu que pingava, que estava no ponto. ela tirou a mão dele, lambeu seus dedos, segurou o pau dele com força, olhando-o nos olhos, e saiu da cabine. repetiu o processo: lavou as mãos, lavou a boca, saiu e sentou-se no banco.

pensava no próximo e olhava o relógio. seria, de fato, o último. precisava ir e, mesmo ardendo de tesão, mesmo sentindo sua buceta latejando e querendo demais ser devorada por um pau faminto, estava cansada e queria sua cama. seus pensamentos foram interrompidos quando a última vítima de sua boca entrou no banheiro.

devia ter uns trinta anos. estava de bermuda jeans e camiseta branca, óculos escuros e uma mochila grande. parecia que ia viajar ou então que estava chegando de viagem. tinha a barba por fazer e assoviava "three little birds", do Bob Marley enquanto mijava. ela chegou do lado, olhou o pau, gemeu e ele, pensando se tratar de um homem, virou-se meio de lado, escondendo o membro e apressou-se em sair dali. ela o perseguiu até a pia, olhou-o nos olhos, abriu o velcro e mostrou. ele olhou. pareceu confuso, ajeitou o pau querendo mostrar interesse. ela sorriu e apontou as cabines com a cabeça. ele foi.

repetiu-se o processo. ela o mandou subir no vaso, sacou a pica pra fora, lambeu a cabeça, sorriu, olhou-o nos olhos e engoliu tudo. ele gemia. ela mamava com gosto. sabia que seria o último e queria que fosse bem feito. caprichava nas engolidas, nas lambidas, na punheta. passava o pau pela cara inteira, esfregava nos peitos, deixava que ele apertasse seus mamilos. ele avisou que ia gozar. ela enfiou a rola toda na boca e fez que sim com a cabeça. sentiu ele segurando o pau e gemendo. encheu a boca de porra, abriu, mostrou e engoliu. ele sorriu. ela pediu que ele descesse e subiu no vaso. abriu a bermuda, mostrou a buceta pingando e disse, com tesão exalando pelos poros:

- me chupa e me faz gozar.

ele caiu de boca. chupava, mordia o grelo, enfiava a língua buceta a dentro. ela se contorcia de tesão e gemia baixinho. pegou em sua bunda e a puxou pra frente, engolindo metade daquela preciosidade rósea. enfiou-lhe um dedo no cu, aproveitando a lubrificação daquele suco que escorria. ela gemeu mais forte. pegou em seus cabelos e forçou-lhe contra sua buceta enquanto subia e descia sem parar em sua boca. começou a tremer, afastou a cabeça dele e, esfregando histericamente o clitóris, deixou que seu sumo sagrado jorrasse um pouquinho e escorresse, deixando sua buceta ainda mais brilhante.

desceu, arrumou a bermuda e ficou olhando pra ele.

- de onde você saiu? - ele disse.

- de um lugar onde você jamais irá.

sorriu, empurrou de lado, repetiu o processo na pia e saiu do banheiro. checou o relógio. 07h17. desceu para o terminal, pegou o ônibus e foi pra casa.

tomou um belo banho. masturbou-se uma última vez antes de sair da ducha, colocou uma calcinha de algodão branca, sem costura, encheu um belo copo d'água e deixou o corpo cair na king size com lençóis de seda dourados. abraçou o travesseiro e contemplou a luz do sol que vasava pela veneziana. colocou a mão na buceta por cima da calcinha e subiu, passando pelos mamilos até parar na boca. mordeu a ponta do indicador e sorriu, virando e fechando os olhos.

- satisfeita. obrigado, meu Deus.

suspirou e dormiu.

22.1.09

o que acontece quando o tempo não passa...

a tortura chegando ao fim.
resta menos de uma hora agora. bem pouco.
eu já não agüento mais.
todos me olhando. observando. contando. contabilizando.
todo mundo em cima do que você produz. como parasitas.
te sugam o que há de bom e te poluem com o que há de pior.
a saída do ar condicionado é bem em cima da minha cabeça - sinto minha sinusite atacar.
não vejo a luz do sol desde a hora do almoço, ao meio-dia.
não sei se choveu, se fez calor, se alguém se matou, se o presidente renunciou.
isso aqui é outro mundo. outro lugar. clausura de monastério hindú. foda.
17h07. às 18h eu vôo. sumo daqui pra um ônibus cheio, leio meu livro em pé com a mochila entre as pernas e reparando os rabos e peitos que desfilam no coletivo que cheira à jaula.
parto pra um metrô limpo e menos tumultuado - graças a Deus não moro na Z/L.
lá pelas 18h50, 19h devo estar em casa. tomo um banho e como qualquer coisa.
me sinto cansado, lento. sonolento. se parar fecho os olhos e durmo em qualquer lugar. mas ainda prefiro minha cama e os lençóis azuis.
a cama vazia, pra variar. faz tempo que não divido os lençóis azuis com um corpo quente. faz tempo que não sei o que é acordar olhando outro corpo nu, olhos fechados e boca semi-aberta babando a fronha limpa. isso me dava prazer antes. eu levantava sem fazer barulho e fazia o café da manhã. era bom... acabou.
estive reparando na Maria hoje. trabalha ali, na mesa ao lado. deve ter 1,54m. baxinha, mas com tudo na medida. pernas grossas e morenas, um rabo invejável e um ar de inocente-meiga-inteligente que poderia tirar qualquer um do sério. mas a mim não engana. talvez por isso ela corresponda aos olhares fingindo que não vê. é difícil penetrar naquele universo. não me dá nenhuma abertura... mas não vale a desistência. o dia que baixar eu guarda, vai tomar um jab invejável e cair de quatro pra mim. pretensão da porra!
17h13. tinha planos de ficar escrevendo isso sem parar até às 18h. mas descobri que me falta assunto. não teria sobre o quê falar esse tempo. eu acho. podia falar de qualquer futilidade, mas tenho uma política interna que diz que "se não há sobre o que escrever, não escreva".
17h15. telefone. mais futilidade.
17h16. lembrei da velha escrota na fila do coletivo ontem. ela tinha várias verrugas bizarras na cara. não tinha como olhar pra ela e não pensar no Lemmy, do Motörhead. a semelhança me dava arrepios.
ela fumava um cigarra de marca barata. desses que fedem a borracha queimada quando estão acesos. era ruim. me sufocava. e ela fumava como uma máquina. trago atrás de trago. muita fumaça. e tossia. uma tosse carregada de catarro, pigarreava alto pra caralho e enfiava o cigarro pra dentro novamente. quando ela apagou, voltou a tossir. tossiu, escarrou e cuspiu aquela secreção amarelo-esverdeada ali, nos pés de uma fila toda. bizarro. soltei um sonoro, "caralho". algumas pessoas, inclusive a velha, ouviram. dois começaram a rir e a fazer cara de que eu estava certo. uns olharam e desviaram o olhar. a japa baixinha foi uma delas. nem a vi passar por mim. minúscula, toda apertadinha. tinha cara de mais velha que eu. tinha um decote genoroso que cobria um par de seios interessante. dava pra imaginar a cor dos mamilos só de olhá-los. eu viajei por muito tempo olhando a japa de cima. delícia. mas voltado ao escarro da velha (ou mudando do vinho para a água), as mais frescas fecharam a cara e fizeram cara de nojo. a velha me olhou por baixo dos óculos e me encarou. eu a encarei também. já esperei qualquer manifestação. nem que fosse um "qual é! vai me dizer que nunca cuspiu". mas ela viu que eu não ficaria quieto e que seria perda de tempo falar qualquer coisa. sem contar no perigo iminente de todos rirem de sua cara.
entrei no coletivo e fiquei de pé ao lado da porta. olhando a japa de cima, como eu disse. nós descemos no mesmo ponto. eu a deixei descer primeiro. regra de etiqueta número zero, certo? ela passou e agradeceu com a cabeça. eu retribuí. desci atrás dela e vi uma bunda perfeitamente desenhada. um pouco sem carne, concordo, mas muito, muito bem desenvolvida. coisa de designer de mangá. não esqueci da marca da calcinha até agora. ela andava um pouco mais devagar que eu pois procurava o isqueiro na bolsa. no instante em que eu passei por ela, ela acendia o cigarro. eu olhei pra trás, ela não me viu. mas minha visão periférica notou o tamanho do pacote. e eu voltei a olhar pra trás, só que agora com os olhos secos na xota da japinha. e, meu Deus, o que era aquilo? um pacote e meio! gigante! pensei no cheiro, pensei em como estaria depilada. salivei e olhei pra trás novamente. ela me olhou nos olhos. diminuí o passo. ela passou por mim sem olhar pro lado. fui atrás dela até a entrada do prédio, contemplando aquele rabo obra de arte. mulher é foda! ela sacou que eu tinha pagada um pau pra ela e se esforçava ao máximo praquele rabo balançar ainda mais. vadia. ela tinha cara de puta. aliás, puta não. ela não tinha cara de quem cobrava por sexo. e isso me deixou ainda mais intrigado.
17h28. já escrevi pra porra e tenho a leve impressão que esse será um post chato. não tem nada que prenda ninguém aqui. só uma história de um peão voltando pra casa. nada de atraente.
esse tipo de texto mexe comigo. essa coisa de escrever compulsivamente, de escrever o que você falaria pra alguém batendo papo no bar. escrever o que passar na cabeça. deixar a poesia às custas de quem lê. isso é interessante. essa liberdade ser dada ao leitor. leitor... eu sou leitor e não releio os meus textos. nem costumo me orgulhar deles. estranho... eu devia dar mais atenção a isso tudo. talvez...
17h30. tá rolando amy winehouse na vitrola. muito bom.
lembro de algumas tardes no final do ano passado. algumas tentativas frustradas de recuperar algo irrecuperável. a amy me fez companhia. e não me fez chorar. estranho também...
terça-feira alguém reapareceu e tomou de volta o lugar que tivera sido seu há longínguos cinco anos. estranho como a gente é que nem faro de cahorro: jamais esquece. tomamos 1,5L de vinho mais ou menos e voltamos juntos, no mesmo ônibus, pra casa. pra variar, o beijo, rápido e cheio de desejo, só veio há alguns segundos antes de eu descer. "podia ter começado mais cedo", falei. ela riu.
ontem trocamos emails e eu disse que isso até fazia sentido, uma vez que, de pouco a pouco, a gente se interessava mais em saber o que seria ficarmos mais tempos juntos. e eis que o dia pode ser amanhã. veremos...
17h35. vou mandar esse... telefone tocando. de novo.
17h36. vou mandar esse texto pro blog e foda-se. quem quiser e tiver paciência que leia e não ache graça nenhuma. está realmente chato. chato porque é indiferente, porque não induz ninguém a pensar em nada e porque parece simplesmente um "modo querido diário on". coisa que não costuma aparecer aqui desse jeito. paciência. eis o estado da minha cabeça hoje.
quinta-feira cinza, cansada, chata e sem graça. acabou a amy. to indo também.

20.1.09

Na mesma do sadismo...

Diálogo com pessoas inteligentes... dá nisso!
 

- ele vai ser vendido por 854 milhões de reais... eu fico pensando o quanto a bispa e o apóstolo torcem pra esse negócio dar certo! devem torcer sempre pra que ele ganhe títulos e mais títulos, doe mais troféus, encha o rabo de grana...
- é... e ele deve achar que ele consegue tudo isso porque ela reza pra ele!
- oração de 80 milhões! AHuAHuAHuHAUhUahA!
- AhUAhUAHuHHA, verdade... e vc pensa que o cara é mó instruído, mora lá fora, viveu mil coisas...
- viveu nada! ele era virgem! casou cabaço!
- é mesmo! rs...
- e o pior: deu uma só e fez filho. filho que vale milhões de euros...
- é, esperma ungido! ungido pela bispa!
- ungiu com a boca! rs... ai, ai, ai... pelamordideus!

19.1.09

sadismo... ou não.

- ficava no Ipiranga.
- na Lins, né?
- é.
- caraio... e caiu assim, sem mais nem menos?
- ah, vai saber... sei que os fundadores ainda não deram as caras e um porta voz disse que o "povo da igreja" não vai se manifestar agora pra não atrapalhar o trabalho dos bombeiros e tals...
- puta merda.
- ah! sinceramente? nem me preocupo.
- morreu gente lá, brother!
- morre gente em qualquer lugar, todos os dias.
- eles estavam rezando!
- puta incoerência do caralho...
- mó prejú!
- prejú? onde? o Kaká paga dízimo pra esses caras. esse mês ele vai ser negociado por algo em torno de oitocentos milhões de reais, ou seja, dez por cento disso aí vai pra Igreja.
- será?
- será! eles vão construir um templo ainda maior, pra caber ainda mais gente e com o teto ainda mais fodido...
- pra quê?!
- pra provar que Deus existe.
- como assim?
- quantos nêgo rezando pela alma desses que foram ontem não vão lotar a igreja semana que vem e ajudar com dez por cento todo mês?
- puta indústria.
- puta indústria.

16.1.09

...

se existe algo que eu nunca exigi na vida, esse algo foi ser amado. nunca, jamais, obriguei alguém a gostar de mim. diferente do que faço comigo mesmo. uns dizem que é carência. eu acho que é necessidade. não é uma muleta, onde eu me escoro pra seguir em frente, mas é algo que, se eu não tiver, não existo. tipo cocaína pro junkie, sabe?! então...

nunca quis que me amassem porque eu amei. ou vice-e-versa. sempre estive na minha e sempre dei o melhor de mim pra amar alguém. ouvi na música do Djavan uma vez "se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria. isso pra mim é viver". e essa é a puta da verdade.

eu caio de cabeça. quebro a cara, concordo, mas vivo intensamente. eu não nasci pra ensinar alguém a me amar. não nasci pra fazer as pessoas gostarem de mim. gosta de mim quem quer e, se isso tem alguma valia, essas pessoas sabem bem qual é.

acontece que aparece alguém. você gosta da pessoa. ela te cativa, vocês dão boas risadas, conversam, bebem e se beijam e se abrançam. mas, a maior parte do tempo, o assunto é outro. são duas vidas extremamente distintas, que não se misturam quase nunca. como eu tenho alma pra dar (ainda), sigo em frente. me entrego e vou levando.

coisas que eu percebo, sempre, é que quando o momento chega, quando dá a vontade da pessoa se manifestar, dizer que me adora ou me dar um abraço, um beijo, um carinho, eu recebo, como demonstração de todo esse afeto, um soco no ombro ou uma mordida no queixo.

peraê! o que é isso? soco no ombro? nem meus melhores amigos demonstram amor por mim me dando um soco no ombro? morder meu queixo? porra... vá lá. numa cama, em meio a lençóis brancos, uma música legal e três garrafas de Lambrusco Sorella vazias. mas na escada rolante do shopping é foda. foda mesmo!

sei lá. eu não sei ensinar ninguém a me agradar. quem me conhece sabe o quão carnal eu sou. e sempre fui. tenho necessidade de pegar, de abraçar, de beijar, de apertar, manja? não essa coisa superficial e vazia que a pessoa deixa pra manifestar em mensagem SMS às três da manhã depois que eu ameacei sumir de uma vez por todas.

a merda é esse sentimento e essa coisa de "se tivesse mais alma pra dar, eu daria". isso, querendo ou não, já é minha filosofia de vida. seja lá com quem for ou como for, se estiver bom e se eu estiver disposto, darei a alma.
 
mas tem coisa que a gente faz e se arrepende. pelo menos um pouquinho.

14.1.09

Quanto mais mexe...

você vai ao dentista. descobre que seu dente do siso está fodido, nasceu torto e precisa ser extraído pra não prejudicar o dente da frente. se prepara em seis meses e toma coragem pra aturar a extração. numa sexta-feira, às 15h30 da tarde, vai ao consultório do sr. dentista filho da puta que te aplica seis anestesias e garante que não vai doer. ele começa a escavar o dente pra enfiar o troço que eles usam pra tirar a bagaça.
uma hora e meia depois, mais duas anestesias. o dentista posiciona sua cadeira atrás da sua cabeça e diz, solene:
"eu sei que está doendo, mas aguenta mais um pouco. só mais um pouquinho."
antes que você consiga mandá-lo tomar no cu, ele enfia o troço e puxa com força.você sente seu pescoço ser esticado a níveis sobre-humanos. o dente sai, você sente uma dor terrível, um incômodo gigantesco e ele comemora.
"aí. consegui tirar com as duas raízes. que bom! você não sabe o quanto estou feliz com isso".
engole qualquer elogio à mãe do doutor. ele faz a sutura e diz que agora você precisa tratar o canal do dente da frente porque ele foi prejudicado por causa do siso torto.
até hoje não entendi pra que servem os dentes do siso a não ser pra serem tirados.
vai à outro dentista pra tratar o tal canal que NÃO DÓI. realmente não doía. hoje, 9h30 da manhã, cadeira do dentista.
"vou aplicar a anestesia, você vai sentir só um choquinho".
veio o choque. suportável.
"mais uma aqui embaixo. isso... beleza... tudo bem?".
"tudo." pensei que seria fácil.
a anestesia faz efeito. ainda bem. ele começa com a maldita broca. dói.
"mais uma... vamos lá..."
senti a agulha entrando por baixo do dente. outra ampôla, outra agulha e mais anestesia.
"a língua já foi pro espaço, né?"
"sim."
"e aqui embaixo? tá sentindo ainda?"
"um pouco".
enfia a agulha de novo e pronto. você não sente nada. começa o tratamento.
broca, escavador, aquele troço que ele vai enfiando e mexendo, que dá a sensação de estarem cerrando seu dente... um, dois, os dois juntos e... pronto.
"vou fazer o curativo e você pode marcar o retorno."
eu queria essa merda pronta hoje, pensei. mas tudo bem. não doeu, vou ficar bem.
à caminho da recepção, pra pegar o atestado.
"se doer, toma analgésico."
"tudo bem."
a anestesia passa. começa uma dor insuportável que te deixa num péssimo humor. você chega no trampo com a cabeça toda latejando por causa de uma coisa que não doía até ele colocar a mão. pragueja militarmente contra a família do dentista. toma trinta gotas de dipirona e a dor não passa. pede um lisador emprestado e ameniza. pragueja ainda mais contra o dentista. zoa o colega que tem que tratar um canal e tirar um siso. a dor não passa.
já é hora do almoço, estou com fome e não sei se vou conseguir comer. tomar outro lisador ou não?

5.1.09

Constatações...

É estranho como a vida acontece sem a gente saber.
Estou me encontrando.
 
Vivendo e aprendendo.

ano novo, labuta velha.

já cansei de escrever sobre como os dias cinza me fazem feliz. quase ninguém entende a importância de um dia como o de hoje. acordei com "This Charming Man", do Smiths, martelando minha cabeça. no celular tinha Timbalada e Chiclete com Banana, coisas que levei para regar de alegria a virada do ano. foi bom. vim pro trabalho terminando o Jorge Amado. sensacional, por sinal.

cheguei ao PC e fiquei atrás de algo pra ouvir. lembrei-me que no amigo secreto do final de 2007 eu pedi um DVD do Pavarotti. tava numas de ópera. e ainda estou. coloquei o "Brutus" pra cantar pra mim à toda no fone de ouvido. saciei a sede lírica do dia, voltei pro Smiths, pro Bauhaus, pro The The e pra mais um monte de oitentista claro. lembrei de outros tempos.

no inverno de 2006 as coisas sorriam pra mim. eu era mais feliz. ia à Augusta de sexta-feira, passava na padoca Pitelzinho e tomava conhaque com licor de cacau num copo plástico e de canudo. ia descendo, seguindo pro baixo meretrício da cidade - mas nunca entrei num puteiro.

sempre acabava do mesmo jeito. saía da Outs de óculos escuros às seis da manhã, a Augusta suja e movimentada na manhã cinza claro de um sábado qualquer. andava até a Paulista, entrava num bar, tomava um café (quando não outra vodka), comia qualquer coisa, descia para o bafo quente do metrô, acompanhado ou não, e ia sonhando até chegar em casa. sempre com algo nos ouvidos.

acho que no inverno de 2006 eu fui indie e não sabia. passou.

esse ano que acabou me deixou um tanto saudosista. eu senti falta de muita coisa. umas reviravoltas grandíssimas me tiraram de órbita e eu entrei em rota de colisão comigo mesmo. poético, não? é, mas nada agradável. diversas noites eu passei me lamentando, me culpando por não ter enxergado muita coisa antes. papo de corno mesmo. mesmo não sendo esse o caso. será? enfim...

perdi muito tempo olhando pra trás e esqueci de olhar pra frente. o balanço é um ano mais ou menos. aliás, bem mais ou menos. lembro o quanto prometi, planejei, ah... esquece! todo mundo faz isso...

esse ano vai ser diferente. é o que todos dizem. li que mudanças acontecem com mudanças e eu não sei se mudei. sei que ter dado os primeiros passos já mudam a concepção do ano novo. eu já o vejo de outra forma pelo simples fato de não ter começado como comecei todos os outros.

se são mudanças que me aguardam, pode dizer que venham.