É estranho, mas aqui no Brasil as coisas só começar a andar após medidas drásticas. Hoje, a medida é o acidente da TAM. É, outro. Mais um... Em poucos anos a empresa cresceu, se tornou líder de mercado e de acidentes aéreos. Num tempo eram os Fokker 100, que o mundo todo usava, mas só na TAM dava pau. No outro portas que caem do avião MISTERIOSAMENTE. Nem uma Brasília marron 72 solta a porta assim, do nada. Já o Fokker da TAM... Levanta-se a suspeita: será que é manutenção? Ninguém descobriu. Abafou-se o caso e pronto. Ponto final.
A crise aérea no Brasil começou um pouco depois do atentado terrorista nos EUA, em setembro de 2004. De lá pra cá tudo ficou mais difícil. Pra piorar, o governo decide liquidar a Varig - maior empresa aérea da América Latina, com mais de 120 aviões operando, melhor vínculo do Brasil com o resto do mundo, 80 anos de história é uns cinco acidentes com vítima, o último em 84. Aí o buraco estreitou-se ainda mais.
Muitos passageiros, poucas aeronaves. Os controladores trabalhando entre o limite do humano e da máquina, se tornando ciborgues dos radares. Greve... greve não, é "operação padrão". Caos estabelecido. Apagão. A ANAC sem fazer nada pra controlar a situação e pressionando a Gol, que já havia comprado a VRG (Varig Nova) pra voltar a operar os slots da Varig senão ele seriam leiloados. A quem? A TAM. Nada me tira da cabeça que há uma aliança entre o PT e a TAM. E isso ainda vai aparecer.
Em setembro do ano passado o acidente com a Gol levou 154 pessoas para o outro lado. O até então maior acidente aéreo do país (volto a comparar a história das novas empresas com a história da Varig...) levantou milhões de suspeitas, CPI e a dúvida sobre a situação do controle do nosso tráfego aéreo. Tudo velho, fudido e operando por milagre? Não, tb não é assim. Mas, de acordo com o ministro que disse que esse caos é retrato do progresso econômico do país, creio que deviam, PRIMEIRO, modernizar o principal: os controles.
Vieram as reformas e a preocupação foi aumentar o terminal de passageiros em vez de melhorar a pista. Ou seja, mais gente dentro do aeroporto, conforto, luxo e a pista jogada as traças. Reformam... tempos depois reformam a pista principal, entregue às pressas "por causa do PAN" e sem os tais sulcos para escoamento de água. Pode ser esse o fator principal do acidente? Até pode. Mas, creio que uma série de fatores promoveram essa que tomou o trono de maior tragédia da aviação brasileira.
A pista é menor do que tinha de ser. Um Airbus A320 precisa de 2.090m de pista pra pousar em segurança. Em dias de chuva, além desses 2.090, são necessários mais 300m. A pista principal de Congonhas tem 1.940m. Há tempos o aeroporto já opera em seu limite. Há tempos as tragédias estão anunciadas. Há tempos já sabiam que isso aconteceria e, há tempos ninguém move uma palha.
Está aí o retrato da aviação civil no nosso país. O retrato da vergonha.
Resta saber onde isso vai dar. E se vai dar em algum lugar. Espero que, pelo menos, meia dúzia de canalhas paguem por essas quase 180 vítimas. Espero que o governo não pare só na reunião e que o Lula saiba que estipular prazos e bater na mesa não governa país nenhum.
Espero que o povo veja isso com os olhos críticos de quem está sendo prejudicado dia após dia. Espero que vaiem mais e mais o presidente mais omisso que já tivemos e que tomem a frente. Boicotem, se for preciso, a TAM, a Gol e toda e qualquer empresa que coloque prioridade na grana e não na segurança dos passageiros.
Espero que esse acidente acorde a população para os riscos que corremos e que esses riscos sejam diretamente relacionados ao nosso governo. Que não governa lhufas...
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