29.9.08

...

Não é querer fazer tipo não, pelo contrário - isso é o que eu sempre fui e escondi. Escondia porque precisava esconder. Não quero, de fato, parecer um romântico canalha que assola coraçõezinhos de meninas inocentes. Mesmo porque elas não são nenhum pouco inocentes. Sabem bem o que querer e porque querem. E o melhor: sabem exatamente onde estão, porque estão e porque quiseram estar ali. É que isso aflora... e fica maior que eu.
Às vezes acontecem umas crises de carência. E eu adoro cerveja... cerveja, carência e cabeça vazia. O resultado não poderia ser outro. Aos poucos o copo esvazia e a cabeça enche. Passou alguém com o perfume dela. O mesmo cheiro... fui direto nas nossas melhores cenas, nas melhores noites, risadas e farras. E me deu saudade. Não é tão canalha assim: eu senti saudades.
Peguei o telefone e liguei. Não sei se por sorte ou por azar, deu caixa postal... mas eu tinha que dizer qualquer coisa. Algo que realmente fizesse diferença. Não disse meu nome. Disse que ela sabia quem estava falando, que era só pra dar um oi e dizer que eu estava com saudade, precisando de colo.
O final de semana passou inteiro, sem novidades. Hoje acordei com uma bela mensagem no telefone: "Bom dia, gatinho!". E a segunda-feira mudou de cor. Graças a Deus.

25.9.08

Pra que você saiba

...e tem dias que eu só queria um colo, um abraço, um carinho... beijos apaixonados são consequência do que tiver que vir. Mas pra que algo venha, a gente tem que chamar, pedir, ou, pelo menos, mandar um sinal, distante, trêmulo, confuso e, sempre temendo qualquer reação diferente da que você espera, e esperar que alguém entenda.
Não sei o que ma traz até aqui de novo. Nem sei se deveria estar aqui de novo... mas é uma maneira de te deixar por perto... sempre que preciso de qualquer palavra que possa me preencher - mesmo que seja só por alguns vãos minutos.
Eu já posso te olhar sem que você saiba. Posso te entender sem que você perceba. E esse processo recíproco de conhecimento simplesmente me encanta, envolve, preenche, satisfaz...
Não sei porque, não sei se devo, mas não há nada que me impeça de fazer... pelo menos agora.
Você faz falta.
 
À alguém que sabe o que estou falando.

23.9.08

Novela

Capítulo 4º (Seria o fim?? Acho que não...)
 

Não se agüentaram de vontade e marcaram pra se ver. Mesmo estando errados, se entregaram um ao outro pra tirar a prova do que seria ou deixaria de ser. A conclusão não podia ser outra.

- A gente já sabia que ia ser bom.

- Só não lembrava que você beijava tão bem assim...

Risos sem graça, outro abraço, mais um beijo. Ela pergunta:

- O que eu faço com você?

- Faz o que quiser. Estou aqui por você. Pra você.

- Ai... eu sei o que eu tenho que fazer. Mas não sei como fazer...

- É. Não é fácil. Complicado demais mesmo... Mas você não precisa se decidir agora. Pensa com calma, pondera... Às vezes você é tudo o que eu queria ao meu lado.

Suspiros. Silêncio. A hora passa. Hora de ir embora... um abraço mais apertado, mais um beijo. Ele se despede.

- É isso. Pensa direito. E se cuida... juízo!

- Mais do que eu já tenho? - ironiza ela, rindo.

- Mais. Muito mais...

A noite passou menos tensa. Ele dormiu mais tempo entre um rosto e outro. Embora já tivesse tomado uma decisão, outra coisa ainda o ocupava a cabeça o tempo todo.

No outro dia, eles se falam.

- Andei pensando... acho que não ando valorizando o que é meu. Precisava me encontrar, isso me ajudou muito, mas não posso acabar com tudo assim.

- Estranho... eu tive a mesma impressão! É melhor deixar tudo como está.

- É. Vamos esquecer tudo isso... - ele interrompe.

- Esquecer não dá. Mas a gente finge que nada aconteceu. E teremos outro segredo pra vida toda. Eu gosto muito de você e te quero perto de mim.

- Eu também. E vai ser melhor assim.

- Vai sim. Com certeza.

 

Eis o primeiro desfecho. Ao final do quarto capítulo...

 

De volta ao marco zero, o recomeçar da caminhada. Agora, porém, com a cabeça no lugar certo, com experiências a mais e a certeza de que a sinceridade é a chave para qualquer relacionamento. Mas... nem tanto.

17.9.08

Novela...

Quase no fim da tragédia...
 
QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É MERA COINCIDÊNCIA.
 
E agora, mais uma vez juntos, ele e ela - a outra ela - numa discussão sem precedentes dentro do carro, à porta da casa dele, depois de várias doses e muitas verdades.
- E é isso. Não rola mais... eu estou apaixonado por outra pessoa. Não é legal te fazer de besta, mentir, não corresponder aos seus sentimentos...
- E eu to cansada de tudo isso.
- Tudo bem. É por isso exatamente que eu quero parar por aqui, já. Vou atrás do que ando sentindo. Não estou feliz e não estou te fazendo feliz...
- Eu pedi pra que você não confundisse os meus sentimentos e você...
- Eu sempre joguei limpo e sempre fui sincero, mas você sempre, sempre, sempre, fantasia a coisa toda a seu favor. Não sei se não quer ver ou se prefere não acreditar...
- Para de me tratar assim...
- Isso tudo só está acontecendo porque você quer. Preciso de um tempo, temos que parar por aqui. Se eu tiver que voltar, voltarei, pode ter certeza! Se eu descobrir que é com você que eu quero ficar, estarei aqui novamente te pedindo pra voltar. E se a fila já tiver andado, isso é problema meu.
- Tá.
- Não fica assim. Você sabe que eu nunca quis te fazer mal. Você é uma pessoa maravilhosa, encantadora, bem diferente da que eu conhecia antes, porém, não está rolando. Não posso te fazer mal... e sei que estou fazendo.
- Eu sei de tudo isso mas quero você assim...
- Não. Eu não me dou assim. Preciso ser seu por inteiro e não está rolando... é melhor parar.
Silêncio.
Voltou pra casa e tentou dormir. Acordou muitas vezes à noite toda, cada vez com um rosto no pensamento.

15.9.08

Novela...

Capítulo segundo...
 

O ritmo dos pensamentos é frenético. Eletrizante. Sensações em cima de sensações.

A cidade ainda é clara. Todos conseguem olhar pra ele e saber o que está fazendo, embora não entendam (e jamais entenderiam) o que aquilo significa.

- Eu, você, nós dois... outra vez. Perdidos...

- Acho que é sentimento demais. A gente não devia se entregar a isso assim...

- Jura? E eu faço o quê? Minto pra mim mesmo? Finjo que você não faz diferença? Finjo que você não me chama atenção, não mexe comigo?

- Para com isso, vai.

- Não tem que parar, linda... não tem e não pode parar. Acho estupidez a gente negar - ou fingir que nega - essa coisa toda. É tudo maior, muito maior que a gente...

- Tem tanta gente envolvida. Tenho medo de pensar no que isso vai dar... - ele interrompe.

- Peraí. Não tem essa. Não tem essa mesmo. Ou é pra partir pro arrebento, pra cima de tudo, ou é pra deixar no gelo.

- Ficar cozinhando isso só me desgasta mais.

- Com certeza.

- Ao mesmo tempo tenho medo de me dar à você por completo. É tão bom assim...

- É. É bom, mas é canalhice. Minha e sua.

- Eu sei. E talvez seja esse o tempero...

- Ah! Faça-me o favor...

- Juro. De repente, se institucionalizarmos nossa relação, tudo vem abaixo. Tudo acaba de uma vez... perderíamos o tesão da coisa...

- Jesus! Me sinto sujo ouvindo e participando disso. Mas, sei lá, sujeira por sujeira, você tem razão. Ninguém presta...

- Você presta. Mesmo achando que ninguém presta...

Beijos estalados de olhos fechados e um silêncio copioso envolve a atmosfera naquela tarde.

- Sujeira... sujeira demais. E, não vou negar, linda...

- Quê?

- Eu adoro tudo isso!

Risos, mãos dadas, goles no refrigerante e um pôr-do-sol que parecia entender completamente o que era aquilo ali.

12.9.08

EDIÇÃO EXTRA

Acho que não podemos silenciar quanto a um ato tão indecente como esse. Creio que não se trata de uma questão preferência e sim de dignidade. Acho que qualquer um que leia esse blog e preze pela democracia e pela liberdade expressão e, mais ainda, pela limpeza da polícita nacional, deveria assinar o manifesto.
 
Mais do que nunca estou com a Soninha.
 
 
MANIFESTO DE SOLIDARIEDADE A SONINHA FRANCINE, CANDIDATA DO PPS À PREFEITURA DE SÃO PAULO

 

"Nós, cidadãos e cidadãs que ainda acreditamos que a ética e a transparência são essenciais à política e à democracia, repudiamos veementemente os atos de hostilidade contra a vereadora e candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, e consideramos inadimissível qualquer tentativa de intimidação ou ameaça de punição pelo simples fato de manifestar o seu pensamento e as suas opiniões.

Estamos todos solidários à vereadora Soninha neste momento, pela coragem de jogar luz sobre a obscuridade da Câmara Municipal de São Paulo - e pelo desprendimento de abrir mão de uma possível reeeleição como vereadora para entrar em uma campanha majoritária e influenciar decisivamente nos rumos do debate político e programático da cidade.

Quando Soninha afirmou na sabatina do jornal "O Estado de S. Paulo" que os vereadores paulistanos fazem acertos de todos os tipos e diferentes nuances, mais ou menos republicanas, para a aprovação de projetos na Câmara, foi como se riscasse um fósforo sobre um barril de pólvora.

A grande maioria dos vereadores simplesmente não admite que algum de seus pares questione as práticas e métodos próprios do parlamento paulistano. Quase como o "código de honra" da máfia, que manda exterminar quem se opõe às regras do crime organizado, alguns vereadores pedem a cabeça de quem ousa questionar o modus operandi das negociações realizadas na Câmara Municipal.

Não é segredo para ninguém que os projetos de lei - seja de iniciativa do Executivo ou dos vereadores - só entram em pauta após acordo entre os líderes partidários. Como se chega a esses acordos é o grande tabu - que a imprensa não aprofunda e que Soninha vem apontando desde o seu primeiro ano de mandato, sem grande repercussão.

Agora que é candidata à Prefeitura, as mesmas declarações ganham um enfoque diferenciado. Mas a nossa indignação é a mesma de Soninha contra essa prática dos vereadores paulistanos - que, em vez de pedirem a apuração das acusações e o esclarecimento das suspeitas, querem a punição da acusadora. Muito singular este senso de justiça e transparência.

Porém, São Paulo reivindica um novo parâmetro ético para qualificar o debate e dignificar a nossa representação política. Assim, a postura de Soninha deixa de ter apenas um caráter partidário para se transformar em um clamor de todos aqueles que amam esta cidade e desejam resgatar os sonhos e a esperança de uma sociedade mais digna, justa e humana."


Roberto Freire, presidente nacional do PPS

Fernando Gabeira, deputado federal pelo PV-RJ e candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro

Manuela D'Ávila, deputada federal pelo PC do B-RS e candidata à Prefeitura de Porto Alegre

João Batista de Andrade, cineasta e ex-secretário estadual da Cultura

Paulo Baia, professor do Departamento de Economia da PUC

Sérgio Salomão Shecaira, professor titular de Direito Penal da USP

Alberto Aggio, historiador e professor livre-docente da Unesp

Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos

Clarice Herzog, publicitária

Arrigo Barnabé, músico

Cláudio Kahns, cineasta

Ana de Hollanda, cantora e compositora

Gunnar Carioba, administrador

Tereza Vitale, coordenadora nacional de Mulheres do PPS

Hercídia Mara Facuri Coelho, pró-reitora acadêmica da Universidade de Franca

Luís Mir, historiador

Dina Lida Kinoshita, doutora em física da USP e membro da Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância

Giovanni Menegoz, tradutor

Tibério Canuto, jornalista

Eliete Negreiros, cantora e pesquisadora de música popular brasileira

Silvano Tarantelli, jornalista

Wanderlei Silva, diretor do Polo de Cinema e Video do DF

Diógenes Botelho, jornalista

Arnaldo Jardim, deputado federal

Davi Zaia, deputado e presidente estadual do PPS de São Paulo

Carlos Fernandes, presidente municipal do PPS de São Paulo

Nelson Teixeira, secretário-geral do PPS de São Paulo

Moacir Longo, presidente de honra do PPS

Maurício Huertas, jornalista e coordenador do Movimento Vergonha Nunca Mais, pela Ética na Política

Fábio Matos, jornalista, filiado ao PPS, são-paulino, noveleiro e blogueiro nas horas vagas.
Aldo de Oliveira Junior, cidadão normal e amante da democracia e da justiça.

10.9.08

Novela

Sem ambientação nem nome de personagem. Essa é uma história que venho escrevendo a algum tempo. Vou postando aqui com certo ritmo, trata-se de algo que necessita de enredo... e, claro, como toda novela, de ibope. Favor enviaram todos os feedbacks possíveis.
 
ESSA É UMA OBRA DE FICÇÃO. TODA E QUALQUER SEMELHANÇA TERÁ SIDO MERA COINCIDÊNCIA. - acreditem se (ou quem) quiser.
 
Capítulo Primeiro...
 
Num motel de quinta, os dois se encontram. Ele e ela. Se abraçam como bons amigos, disfarçam e entram. Pedem um quarto simples - só queriam 4 horas de descontração e papo aberto, reto, sem restrições. Ligam o som, pedem a cerveja, se preparam para o banho. Deitam juntos, se abraçam, se beijam, transam loucamente. Ao final, ofegantes, suados e - sempre - abraçados, cruzam os olhares.
- É bom estar contigo.
- E eu pensei que você nunca mais me procuraria.
- Não posso me privar de algo que me faz tão bem... mas, ao mesmo tempo, ainda estou naquela confusão patética de sempre... Pede outra cerveja pra gente.
- Tá.
Se levanta, vai ao banho, se lava, se seca, coloca a cueca e volta à cama. Ela repete os mesmos passos, coloca a calcinha, cobre-se com o lençol. Ao deitar, acende um cigarro.
- Conta aí.
- Tenho dó dela. Não consigo sentir mais nada. Nada mesmo. Ela não me excita mais...
- É, grandão. Acho que você cai no marasmo! - e riu copiosamente.
- Nada... você sabe que não me limitaria assim na vida. Ainda sinto tesão por muita mulher, você sabe. Só que com ela é diferente. Não dá mais... a química, o encanto... tudo acabou. Sabe Deus onde foi parar...
- É. Complicado mesmo... não vou dizer pra largar tudo porque estarei sendo tendenciosa... mas, de qualquer forma, você não pode se furtar de sentir prazer e também não pode fazer a coitada de idiota.
- Pior que eu acho que ela vai surtar.
- Ah! ISSO é mulher, amigo... não tem jeito. Sei do que estou falando porque falo com você como homem. Te dou os conselhos como se eu fosse ela, como se fosse a minha reação... sei como é... detesto esse joguinho, essa dependência.
- Ah, tá! E quer dizer que se eu não ligar mais você não surta?
- Não, garanhão! Não tenho seu telefone e nunca fiz questão de pedir. Adoro estar contigo, sinto que é recíproco, mas sei das suas limitações. Se um dia você nunca mais me procurar, tudo acabaria assim, simplesmente bom demais pra ter "raivinha"... sentiria muita saudade, só isso.
- Dá um abraço aqui...
- E o dia que você não for mais isso, eu não saio mais contigo.
- Isso o quê?
- Esse homem, macho, grosso, com essa risada debochada, esse modo de dizer que o mundo simplesmente não presta e que a humanidade toda é tosca. Isso é você. E é disso que eu gosto. - segue um silêncio compreensível.
- Ai, ai... que zona. Não sabia que viraria isso um dia...
- Ah, vá. Curta a vida, lindo... não tem nada demais nisso tudo. A gente é só isso mesmo... estômago e sexo. Não é?
- É.
- Vamos pensar em outra coisa... Quer mais uma?
- O quê? Foda ou cerveja?
Caem na gargalhada, mergulham em outro beijo e se entregam um ao outro, alheios ao resto do mundo.
Na hora de ir embora, caminhada até o metrô, um abraço discreto e a certeza de que voltariam a se ver.
- Eu te ligo.
- Eu sei.
E riram de novo.

8.9.08

"Menina do anel do lua e estrela..."

Olhos, boca, sorrisos...
Menina-moça, mulher, morena... um quê de praia, de sombra de coqueiro e areia branca de mar azul. Recifes de corais, copo de coca-cola, risos e violão.
Seu olhar tem sotaque. Tem paisagem... tarde, pôr-do-sol, silêncio... só o mar... só as folhas dos coqueiros se encostando umas nas outras... o vendedor de água de coco. Paz... a paz atormentada pela paixão que assolaria qualquer calmaria de mar-sem-onda. A paz que eu preciso. Tomada de uma pitada ardente de fogo de fogueira de junho e céu estrelado de dezembro, escuro, iluminado por milhões de estrelas, lá no fim, se juntando ao mar prateado da cor da lua.
Me faz imaginar tanta coisa. Parece que sei onde te vi a primeira vez... só não sei se estava lá também. Confuso...
Mas você me dá uma paz... me tranqüiliza.

Não sei mais o que dizer. Roubaste, morena, todas as minhas palavras e guardaste aí, dentro de ti, em algum lugar que eu ei de descobrir e decifrar, pela simples vontade de saber o que farás com elas.

4.9.08

Turbulência...

Hoje acordei com um turbilhão de pensamentos incessantes na minha cabeça eles não param jamais de invadir sumir voltar confundir e estão pouco a pouco me deixando louco tornando meu dia intenso cansativo trbalhoso complicado não sei se olho pro telefone na ânsia que ele toque ou com vontade de pegar e ligar logo de uma vez pra acabar com tudo isso não para de pensar um só momento sobre toda essa confusão de sentimentos que nem eu mais consigo indentificar tenho muita pena dos que olham pra mim e tentam resumir o que ando sentindo ultimamente muita pena realmente desesperador acho que preciso mesmo de (muita) cerveja quanto antes melhor.

2.9.08

Extra!

Em caráter extraordinário, um texto que recebi por email e que não posso deixar passar em branco:

A chegada de Dercy no céu...
(podemos até ouvi-la falando)


- Porra, tá frio aqui em cima!
- O céu não tem temperatura. - pondera um porteiro celestial de plantão.
- Não tem é o cacete. Tá frio sim senhor - insiste Dercy.
- Prefere O inferno? Lá é mais quentinho.
- Manda tua mãe pra lá!
- Cadê O Pedro?
- Pedro só atende aos purificados.
- E eu tô suja por acaso: Tô  cagada?
- Você primeiro tem que passar pelo purgatório, ajustar umas continhas por lá...
- Não devo nada a puto nenhum!
- Você foi muito sapeca lá por baixo.
- Como é que você sabe? Andava escondido debaixo das minhas saias?
- Dercy, daqui de cima a gente vê tudo.
- Vê porra nenhuma! Vê a pobreza, a violência, meninas de 4 anos sendo
estupradas pelos pais, político metendo a mão no dinheiro dos pobres,
cara cheirando até cocô pra ficar doidão? O que vocês vêem? Só viam.
- Você fala muito palavrão
- Eu sempre disse que o palavrão estava na cabeça de quem escutava. Palavrão é a fome, a falta de moral destes caras que pensam que o mundo é deles. Esses goelas grandes e seus assessores laranjas, tangerinas e o cacete.
- Está vendo? Outro palavrão.
- Cacete é palavrão, seu porteiro de meia tigela? Palavrão é puta que pariu!
(silêncio de alguns segundos)
- Seja bem vinda Dercy. Sou Pedro. Pode entrar.
- Porra! não é que eu morri mesmo! E o purgatório?
- Você já passou 101 anos por ele, lá em baixo. Venha descansar.
- É... tô precisando mesmo... Mas tira essa mão boba de cima de mim!

"Saudade de Goiás..."

Tudo é fase, concordo. Mas estou me achando meio estranho...
Pode ser que seja mesmo a tal "saudade de Goiás". Goiás, sim. Eu não nasci lá, mas a família do meu pai é de lá. Ele nasceu em Rio Verde, perto de Jataí. Salvo engano, creio ser essa a terra de Leandro e Leonardo. E, claro, de mais outras milhares de duplas sertanejas.
Não sei realmente qual é a ligação entre música sertaneja e Goiás. Com exceção de Chitãozinho e Xororó, que se não me falhe a memória são paranaenses, as grandes duplas são todas de lá. Não sei se existe mesmo o fantasma do corno ou se é coisa de província... mas não é sobre isso que eu ia falar.
O que eu ia dizendo é que ultimamente ando escutando MUITA música sertaneja. Arrumei uma coletânea com mais de 50 músicas do Bruno e Marrone. E tem umas participações especiais de gente "da gema", ícones da música caipira: Milionário e Zé Rico, Marciano (acho que o João Mineiro morreu), Teodoro e Sampaio, etc. Muito boa! De lá pra cá já me peguei baixando muita música sertaneja da internet.
Gostei muito de César Menotti e Fabiano, apadrinhados por Jackson Antunes, o eterno sem terra da Rede Globo. Dizem que ele apresentou o... o... não sei se é o César ou o Fabiano, enfim, apresentou o cara como "Pavarotti do sertão". Claro que ele não canta um terço do que cantava Pavarotti, mas realmente tem um gogó e tanto. Outra dupla que não é exclusivamente sertaneja, seria um "new caipira", é Victor e Léo. Boa também... arranjos muito bem feitos, uns lances de violão muito bem criados, realmente de qualidade. Outros que vem na onda "nem caipira" é Edson e Hudson. Baixei o disco solo do Hudson, "Turbination". Exímio guitarrista, teve a ousadia de assumir em rede nacional que faz "country music" (ou "new caipira") porque dá dinheiro, mas sua paixão é mesmo o rock'n'roll... claro que ele deu uma firulada e disse que está muito ligado a música sertaneja por causa do pai. Enfim... pouco importa. Ele é bom na dupla mas é muito mais interessante no projeto solo.
A verdade é que muitas dessas "modas" me lembram minha infância. Meu tio tinha uma bela casa na Riviera de São Lourenço e minha tia sempre nos acordava com um CD do Chitãozinho e Xororó no "CD Player" prateado que ficava perto da bancada da cozinha. Foram dias inesquecíveis os que passamos por lá... lembro, realmente, com muita saudade. Deve ser por isso também que gosto tanto dessas coisas... sei lá.
Talvez seja mesmo fase... ou não.

1.9.08

Na companhia de ninguém...

Às vezes tudo o que a gente precisa é da gente mesmo. Aquele dia estranho, vazio, opaco, meio frio, meio quente, perdido... é a hora de sentar em algum lugar, pedir uma bebida qualquer, contemplar a paisagem tão normal que quase nunca contemplamos e que, sim, é dotada de qualquer beleza simples, porém, extremamente tocante - sempre faz diferença.

A sós, eu e eu mesmo, a vodka, o energético, a tarde cada vez mais fria, a garoa fina e uma cadeira VAZIA ao meu lado. Até que surge alguém com a estranha capacidade de reverter todo o sentimento daquela tarde vazia. Alguém que não sei de onde veio, pra onde vai ou porque apareceu ali... um anjo, talvez. Ou um demônio... vai saber...

Sentou, conversou, cativou e vai ficar pra sempre guardado em algum lugar meu. Levou consigo um pedaço e deixou um outro comigo. Essa troca foi extremamente importante. FEZ a diferença...

Onde estará agora...