Estava eu voltando da casa da mulher ontem, um sábado ensolarado, por volta do meio-dia, ali na Lapa. Alguém com uma prancheta se aproximou e perguntou:
- Posso conversar com você um minutinho?
Se eu não estivesse com pressa, não teria titubeado, mas como estava meio que correndo, disse que sim com a cabeça e não com a boca. Ela me olhou sem entender, quando vi sua identificação pendurada no pescoço: pesquisa. Voltei e disse que sim com a boca e com a cabeça.
Esse tem sido um assunto freqënte aqui no blog. Esse papo de política, de Lula, de ANAC, competência, roubalheira, Partido Tacanho, petralhas, enfim... Como eu disse, li que era "pesquisa", mas não sabia do que. E foi aí que minha surpresa aumentou.
- É uma pergunta só, rapidinho. - disse a pesquisadora.
- Tudo bem, sem pressa.
- Que nota você daria para o governo do Presidente Lula? - eu quis morrer de rir, sair correndo chutando lata, dar um berro, sei lá.
Durante todos os meus longos 23 anos de vida, ninguém me perguntou nada parecido com isso. A não ser em mesas de boteco e em bate-papos informais com os amigos é que eu podia destilar meu veneno a respeito do que penso sobre política. Antes desse blog, não publicava em nenhum lugar o que eu penso ou não sobre o governo do Lula. E, agora, estava lá, frente a frente com uma pesquisadora que, com certeza, faria minha opinião sair em algum veículo importante. Mesmo que seja só como um voto de "PÉSSIMO".
- Quais tipos de nota? - perguntei.
- Ótima, bom, regular, ruim e péssimo.
- PÉSSIMO! - e garanto, leitor, nunca tive tanto orgulho em minha vida. Dizer péssimo foi algo de outro mundo, de um valor inenarrável pra mim. Com certeza meus netos saberão disso.
- Ok, obrigado.
- Só isso? Não posso falar porque é PÉSSIMO?
- Ah, sim... pode justificar brevemente, mas esse tipo de informação eles não publicam...
- Tudo bem... não vou fazer você ficar escrevendo.
- Ok, obrigado.
- E onde sai essa pesquisa?
- Isso eu não posso falar... mesmo porque eu tb não sei.
- E vc é de que instituto?
- Ah, também não posso responder.
- Ok, obrigado.
Saí de lá com um sentimento único. Claro que minha opinião e nada, é a mesma coisa. Mas o simples fato de poder participar das estatísticas, mesmo sabendo que o povo vai dizer que é ótimo ou bom, já me fez muito feliz. É uma maneira singela e pequena de manifestar sua opinião.
Mas vale ressaltar que não precisamos esperar um agente do IBOPE, do Vox Populi ou de não sei quem pra dizer o que pensa. Esse ainda é um país livre e, se vc, assim como eu, não está satisfeito com o governo do país, procure um movimento, filie-se a um partido e corre atrás dos seus direitos.
Bom domingo à todos!
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