24.12.10
Não tem...
Eu nunca senti. Agora sinto.
Eu nunca parei, agora paro. Nunca respirei e agora respiro.
Olho essa parede e tenho certeza que alguém lá de dentro grita: NEM MAIS UM PASSO. Mas eu nasci pra desconfiar, não foi?
Ah... sei lá! E aí que eu tô cansado... esperando... não quero esperar mais.
QUERO ELA AQUI! E eu odeio declarações... mas acho que amo mortalmente... ou pelo menos por enquanto...
Feliz natal você; onde estiver.
26.10.10
Sufoco
preciso te falar... não dá mais pra deixar isso passar assim... eu... eu... nem sei como começo, mas a verdade é uma só e tem que ser dita já... eu sinto, de alguma forma que se eu demorar um pouco mais o resto da chance que eu tenho vai sumir como pó no meio da ventania... há tempos te observo de longe, calado. sempre apostei que os olhares poderiam ser muito mais sinceros e muito mais diretos que qualquer palavra, por isso me declarava te olhando através de você mesma. eu via sua alma. sentia seus desejos, entendia suas necessidades e seus anseios. tinha medo de saber de tudo isso, talvez melhor que você mesma. me calei. não devia ter me calado, eu sei, mas porra... eu não tinha chance. aí... aí você apareceu aquele dia, chorando, os olhos mais escuros que de costume, a maquiagem tinha borrado seus olhos, eu entendi a dor que você estava sentindo e ao invés de partir pra cima de você como meu instinto mandava, resolvi te abraçar e sem dizer uma palavra sequer, te fiz entender tudo. acho que esse deve ter sido meu maior erro. falar quando se está calado talvez assuste. eu não sabia disso. você se afastou eu fiquei aqui esperando... esperei pra caralho, pô, cheguei a pensar que não ia te ver mais mesmo, juro... eis que você reaparece. cabelo cortado, franja, mais bonita, mais gostosa e me cumprimenta com o mesmo calor de sempre, o mesmo beijo "meia-taça", descomprometido provocando tudo ao mesmo tempo e eu fico aqui, pensando sem parar, sentindo sem medir e falando como louco na sua frente, você sem entender nada e... e... porra! não posso prometer felicidade, mas chego perto de te fazer feliz pelo simples fato de saber que sou eu quem você sempre quis... não, não, não! peraê, peraê! deixa eu terminar, pô! espera, espera! porra, não vai assim, não! espera pelo menos eu... ô! calma, calma! não vai, caralho! espera! espera... espera... espera... eu tenho que dizer que... me escuta, caralho!
... eu te amo, porra. só isso.
--
Aldo Jr.
11 6487 8710
30.9.10
26.9.10
Acontece com freqüência. Afundado em trabalho, faculdade, rotina, objetivos (agora que os tenho) e metas agressivas para que a fila ande e a vida prospere, é comum nos sentirmos um pouco máquinas. O lado humano da parada começa a se tornar menos aparente. Claro, os defeitos e os erros nos perseguem, o que já mostra qualquer indício de que ainda somos animais incapazes que só usamos 10% da nossa cabeça, como diria Raulzito. Mas existe um meio mais nobre de se saber que ainda é humano...
A dor te desperta pra esse lado humano da vida. Quando tudo está meio etéreo, seja lá de que forma, indo bem ou indo mal, é no momento da dor que sabemos que não superamos o que é preciso ser superado. É nessa hora, quando geralmente uns ou outros caem (ou deixam a máscara cair) que a vida volta à tona.
As coisas não mudam. Eu costumo brincar que "uma vez Flamengo, Flamengo até morrer". Não queria que isso fosse fato... na verdade só funciona quando se trata de índole mesmo, do caráter da pessoa, de algo que ela carrega consigo mesma e que não vai conseguir tirar nunca... paciência. Nada nem ninguém é perfeito. Quando o problema é pontual, um erro, um vício ou qualquer coisa desse tipo, supera-se, corrige-se, mas quando vem de dentro, nada nem ninguém conseguirá fazer isso mudar.
Magoa um pouco ver alguém errando. Chateia. Ainda mais quando é alguém que você acreditou um dia que estava num caminho mais bacana. Mas não dá pra fazer muita coisa. Está além de qualquer capacidade. Paciência...
--
Aldo Jr.
11 6487 8710
11.8.10
E essa agora?
nada além do que já foi meu. nada além do pouco que você me deu.
a migalha. as mentiras sinceras. o amor que a gente inventou.
o resto é dele. será dele. e é assim que tem que ser.
a derrota é minha. a dor, se é que existe, é minha.
só que você me deve o prazer que eu nunca mais arranjei.
você me deve o calor que eu nunca mais consegui.
você me deve as lembranças das quais me alimentei até hoje.
e não me vem com essas porque eu sei o quanto você se molha enquanto eu falo.
eu sei o quanto você geme enquanto pensa em mim, enquanto pensa na minha língua...
enquanto pensa no meu pau estourando a calça te sentindo montada em mim... dentro da sua casa...
não. não é sujeira. aquilo ali, em algum momento foi sincero. e foi puro. nato.
brotou da gente e rompeu a carne. esfolou o espírito. arranhou a alma.
querendo ou não, eu e você estamos marcados pro resto da vida. dessa e das próximas.
o que é certo ou não, eu não quero saber. e prefiro que você também não saiba.
prefiro você louca.
é mais fácil te convencer que foi só o que você quis que acontecesse que te convencer que isso é nosso e será pra sempre.
é mais fácil dizer pra você não ter vergonha. me convém.
6.8.10
SAUDOSISMO...
hoje cedo, depois de 8 longos anos, voltei a pisar num chão sagrado. pelo menos pra mim é um chão sagrado. não sei se acontece com todo mundo, mas comigo é incontrolável. fui acometido por uma saudade louca de dias que passaram, marcaram e, INFELIZMENTE, não voltarão mais. não, não é triste, é só saudoso. e saudável.
descobri que estava sem meu histórico escolar. devo ter perdido numa dessas trocas de faculdade. aí voltei a ETE ALBERT EINSTEIN, ali na casa verde pra fazer o requerimento da segunda via - que demora 90 dias pra chegar. pra minha surpresa, fui informado que eu tinha um diploma pra retirar! (quem disse que eu não tinha um? hahahahaha) a mocinha da secretaria, mocinha "os culete da véia", ela já trabalhava lá quando eu estudava, ou seja... a "quase tia" da secretaria pegou meu "prontuário" e viu minha foto. ela olhou pra foto, olhou pra mim e disse "você tinha muito cabelo, né?!". eu ri. me emocionei, juro mesmo! respondi "tinha cabelo e não precisava de lentes corretivas"... "espera um segundo", ela disse, indo pro armário.
enquanto ela foi atrás da papelada, eu fiquei olhando o pátio que outrora era taco. hoje é granilite... se é que é esse o nome. no meu último ano lá, eles estavam reformando a escola. a coordenadora correu de um cachorro (?!) que invadiu a escola e torceu o tornozelo num buraco de um taco que tinha saído. depois disso resolveu reformar. Marli o nome dela. quem não lembra?! rs...
a escola tá com outro cara. o que antes era um antro metalêro-punkrocker-hc, hoje é quase um emo. até o azulejo da cantina do Tio Ricardo (se é que ele dono de lá ainda) é xadrez. e as paredes da escola toda são laranja! parece uma agência do ITAÚ... juro mesmo... aliás, o Tio Ricardo, diga-se de passagem, era baixista da banda do Padre Marcelo Rossi. lembro que ele queria vender o Fender Bass Collection dele pros alunos na escola... foda!!!
dei uma andada pelos laboratórios, havia uma exposição de "reprodução dos quadros mais valiosos do mundo", desenho do pessoal de design... meu, é um filme passando na cabeça da gente! incrível!
me deu uma vontade absurda de ligar pra todo mundo, sentar todo mundo lá na calçada, tomar vinho vagabundo e tocar violão... falar de heavy metal, discutir os melhor músicos do mundo, as melhores bandas, dar risada com a galera... foda. foda demais! lembrei das bandas... das meninas... dos amigos que hoje não são mais amigos, dos que se distanciaram, das tretas, do Mendes com o catchup aberto na hora do intervalo, do professor Verdasca dando aula sem fechar a braguilha, da Sandra, de educação física e o "joelhinho alto", os campeonatos de vôlei, o Calvo fazendo gol contra no handball! rs... muita história! muita história!
o Einstei me proporcionou dias valiosos. aquilo praticamente formou meu caráter. sim, sim: eu TENHO caráter. posso ter todos os defeitos do mundo, mas não sou falso, mesquinha, egoísta e conservo sinceros todos os sentimentos que tive na vida. grandes dias. grandes dias.
quando saí de lá, pelo portão onde outro dia eu sai de braços dados com uma porrada de gente que eu não conhecia cantando a música dos smurfs de braços dados, ficou alguma coisa na minha cabeça martelando. e eu seria injusto se não colocasse isso no blog, pra que todos (?!) que lêem isso aqui saibam: o Einstein é foda! e é lá que eu quero o Caetano daqui há alguns anos. com mais sorte que eu ele não terá aula com o ADEMAR, nem com a JUCILÃO...! rs... tempo bom da porra!
termino o post com o jargão do "Homem do Bumbo", aquele véio cachacêro da praça é nossa:
não vorta mais
saudade
de outros tempos iguais...
é o tal negócio!"
28.7.10
Em três atos
e ela liga quase na hora de ir embora. e joga um verde...
- daqui a uns 10, se alguém chegar pra me cobrir...
- ah... é que eu precisava ir até ali no metrô, trocar meu bilhete e... é meio perigoso ir até a Brigadeiro sozinha...
- vai até o Paraíso. é mais perto.
desliga o telefone. mas você, macho idiota, mesmo sabendo que não deveria, pega, disca de novo e tenta se explicar.
- tá. vai.
"eu te amo. eu te amo. eu te amo. eu te amo. eu te amo"
e aí o telefone toca. e ela de novo...
- tá desculpada. a filha da puta que ia entrar as 21h não chegou e já são 21h50. de repente a gente pode ir junto lá no metrô...
- ah... tá. passa aqui quando tiver saindo.
- passo.
e a história terá continuidade sempre. mesmo que só lado a lado corporalmente. já tá mais que provado que a distância máxima pemitida entre a gente é até onde os olhos conseguem ver. mesmo que, ao alcance das mãos, o desejo grite, o que ela quer e o que eu preciso é saber, sabe Deus porquê, que um está ali para o outro.
20.7.10
LETTERA
Achei uma carta no ponto de ônibus. Como não tinha destinatário, nem remetente, dei uma reformulada e publiquei, afinal, a problemática é interessantíssima.
A quem interessar, de um desconhecido pra alguém que não nos interessa:
existem coisas que não passam. que não curam. que permaneceram pra sempre assombrando. a gente chama de "dúvida" porque não tem outra palavra pra definir o que é de verdade. a dúvida estará lá até que seja descoberta, até que seja sanada. ou até que alguém a responda pra você, mesmo sem querer.
claro, temos sempre que tomar cuidado com o que pensar e em como interpretar nossas dúvidas. é uma faca de dois gumes, mas existe a opção: se enganar pra fingir que não é nada ou então se entregar às consequências, seja lá quais forem.
a gente aprende, cedo ou tarde, que nada é, foi ou será como nossos olhos vêem, viram ou verão um dia. é tudo como a gente quer interpretar e nossa cabeça, talvez nossa maior inimiga, cria expectativas, ilusões, fantasias...
tem coisa que a gente não espera ouvir, ler, escutar... mas escuta, lê, ouve... escreve! não tem volta depois que já foi absorvida por outrem. gostaram do arcaísmo? pois bem... tudo cai feito bomba quando as coisas já não estão bem. e eu juro que to rimando involuntariamente!
as pessoas magoam, são magoadas, sofrem e fazem sofrer. cada um tem seus motivos, não preciso entender os dos outros nem quero que entendam os meus! será que é tão difícil? mas, tudo bem. aí vai:
quando eu disse sim, você disse não. eu passei metade da caminhada sem entender o porquê do não. quando o meu sim se tornou não, você disse sim. culpa minha? não.
as conclusões são as que são agora, não dá pra tentar culpar o passado. eu achei resolução HOJE para o que, "em algum lugar do passado", não TINHA explicação.
e toca o barco. não vai mudar mais nada, tenha certeza.
26.6.10
Será que a razão tem razão?
15.6.10
Não há título
Qdo o q machuca não é mais meu.
Qdo tudo o q foi esfriou.
Qdo eu e vc perdemos...
Qdo foi q a gente errou?
Qdo a nossa ilusão passou do limite?
Nem eu, nem vc... nem nós...
O q fomos? O q seríamos senão instrumento um do outro?
Senão conclusões de algo q todos sonharam q seríamos e nós, só nós não acreditamos?
Onde isso teria fim?
Qto mais eu me pergunto, mais vc me responde. Não somos mais um do outro... e me incomoda ter te atrapalhado pra escolher...
Eu li q a "a confiança é como um espelho quebrado", não adianta colar e tentar ignorar: sempre a rachadura estará lá. Mas vai tudo muito além disso.
Me incomoda estar longe... talvez te incomode tb. Só peço q nunca seja tarde demais. Ao menos sincero, do início ao fim, eu posso jurar q fui...
7.6.10
E eu aqui...
Se desse uma merda e eu morresse agora, com certeza deixaria várias portas entreabertas e mistérios inexplicáveis
Se desse uma merda e eu morresse agora, certamente deixaria dúvidas em corações por onde passei e não fiquei. Mas que carrego comigo ainda.
Se eu morresse agora, antes de olhar você sob a luz de um novo dia, me arrependeria de não ter dito o que deveria a você hoje.
Me arrependeria de não ter estado ao lado dos meus pais no meu último dia de vida.
Me arrependeria de não ter visto (ou reconhecido) o sucesso, o triunfo e a grandeza dos meus irmãos mais novos
Se eu morresse agora, me machucaria eternamente a idéia de não ter estado no colo da minha avó no último mês.
Me corroeria a idéia de não ter feito os planos que idealizei com meu filho; ou os sonhos que não concretizei ao lado de quem amo.
Me destruiria a alma passar a eternidade pensando no que eu poderia ter feito e não fiz.
Enquanto a noite ecoa lá fora, a cabeça martela aqui dentro, o coração aperta um pouco e o alívio me conforta. Eu estou vivo. De novo.
10.5.10
Sem muito a dizer
9.4.10
Incidentalmente
memórias do vendaval escorrendo na sarjeta com o resto da garoa morna que cai do céu como as lágrimas no seu rosto.
fim do dia, começo do desespero, enquanto a noite cai escura e te cega as únicas lembranças te apertam o coração como poesia triste.
em esquinas sujas, breus urbanos imundos, vielas cheirando a mijo, seu resquício de esperança é traficado como moeda podre.
e na calçada-bordel da rua iluminada por néons azuis e vermelhos, sobre um caco de espelho refletindo a luz do poste, numa carreira, o começo e o fim da sua vida.
de cima, alguém pela janela, degusta um cálice de vinho, morde os lábios com força enquanto esboça um sorriso de canto - extasia-se com seu sofrimento.
te assiste ir e vir, sem rumo, perdido, pirando de bar em bar e te manipula, como um joguinho, marionete do desejo alheio - alguém ri mais alto.
é quando você abaixa com as mãos na cabeça e vomita toda a sua história pela latrina - sangue, álcool, drogas, porra.
a garganta ardendo, o líquido gorgolejando esôfago a dentro, seus olhos trincados, vermelhos, lacrimejando.
não há dor, não há desespero, não há sofrimento pra quem te vê assiste - é o um show de horror barato e de péssimo gosto.
outro gole no vinho e você sentado em cima da poça ácida no ladrilho xadrez do chão do banheiro - uma gargalhada.
com as mãos na cabeça, olhando pro teto, você, rindo de você mesmo e revirando os bolsos da calça velha.
uma tampa de caneta. um bilhete do metrô. um maço de cigarros vazio. um teco de canudo. um cartão telefônico.
sua cara no espelho, seu ar de desespero, o olhar para o relógio e alguém esmurrando a porta - você tremendo.
tudo volta à tona, memórias do vendaval, lembranças que te apertam o coração, músicas que te travam a garganta.
poesias tristes em noites frias num verão - fossa, bossa, dor, solidão - acordes dissonantes num blues de violão.
e mesmo depois de um vinho, um consolo, um ombro amigo ou um abraço de quem te deseja, por mais que se sinta quente, é impossível achar a vida atraente.
6.4.10
DESATINO
Eu tô bem... quase não tô morrendo.
Não tem câncer... não tem lepra...
Essa ferida aberta não cicatriza,
mas não é hemofilia...
Isso é você.
Foi você quem fez.
É você quem faz sangrar.
E nada, nem se você voltar...
Nada fará parar de desatinar.
31.3.10
No espelho do banheiro
Não sabe de onde eu venho, pra onde estou indo
E o que te interessa? E o que isso importa?
Não é que eu não seja qualquer outra pessoa no mundo, não...
É que, sei lá, entende?... eu fico falando e você fica ouvindo...
Fica tudo assim: meio sem jeito, meio sem motivo...
Você me olha com essa cara rosada... um tom de embriaguez...
29.3.10
16.3.10
Conflito? (Não dá pra entender nada)
15.3.10
Deu um trago, soprou a fumaça pra cima. Tentou se lembrar de quando isso parecia charmoso e quantas vezes o elogiaram sobre isso. Foram várias. Uma garota jurava que se apaixonou de vez por ele ao vê-lo recostado numa sacada, de costas, fumando. Coisas que ninguém nunca entenderá.
O cheiro dela tomou a atmosfera. Ele fechou os olhos, cambaleou, sentou-se no degrau, encostou a cabeça na parede e deixou-se levar. Durante alguns minutos lembrou do toque das mãos delas em suas costas, os mamilos rijos passeando pela nuca, os beijos na orelha, os puxões de cabelo e os arranhões que recebia. Lembrou-se de como ela dominava a situação quando ficava por cima, como olhava o sexo, o entra-e-sai ritmado e a dança que os seios faziam enquanto ele os umedecia com a ponta da língua. Lembrou de como ela acelerava o ritmo quando estava pra gozar, como ela gemia, como suspirava em sua orelha e como, sem dizer nada, se declarava, morta, farta, sobre seu corpo depois de também levá-lo aos céus.
O cigarro acabou. Fazia um pouco de frio e ele arremessou a bituca na avenida, olhou o segurança, olhou o bar, entrou e contemplou, novamente, como a vida conseguia ser tão tediosa e tão chata como era naquela noite.
Ao sentir saudade, pensou, a gente aprende. Onde será que eu deixei esse pedaço de vida, hein?!
28.2.10
Madruga...
As vezes a noite cai de repente
As vezes você se olha e está sozinho
E vêm os pensamentos
E vêm os desejos
E eu ouço aquela música
E eu lembro de você
Nua. A luz da TV refletindo sua pele
O resto da roupa caindo sobre meus pés
O seu olhar
O seu cheiro
A sua respiração em meu ouvido
As vezes a noite cai de repente.
Olho em volta
Sinto seu cheiro.
Seu respirar atrás da orelha me desperta
Sinto seus seios nas minhas costas
Não escondo mais desejo algum.
Você sentada sobre mim
Meus olhos fechados
Você me dominando com força
E, ao aproximar do ápice,
Suas mãos frias apertando meu pescoço
O travesseiro
Seu gemido
O úmido escorrendo pelas minhas pernas
Minha última lembrança.
24.2.10
Nostalgia...
Lembranças, lembranças, lembranças... por mais que eu me esforce, é difícil encontrar algo que eu saiba que me fará lembrar do que eu vivo hoje. É tudo tão vazio, inexpressivo, indiferente. Acho que alguns anos não viverão na minha memória pra sempre.
8.2.10
Me aperfeiçoando na arte de coçar o saco...
27.1.10
CONFISSÃO
eu me dei conta que eu era um merda quando percebi que o que fosse mérito para os outros, seria demérito pra mim. percebi que eu era um bosta quando a felicidade alheia me incomodava a ponto de me permitir desdenhar completamente de todos os louros que alguém conseguisse sem me envolver. e demorou demais pra que eu caísse em mim. e isso é um clichê horrível. e daí?
tenho amigos fotógrafos, músicos, artistas plásticos, publicitários, estagiários, macumbeiros, programadores, nerds, leitores, lésbicas, gays, descolados, cults, metidos a cults, frios, putos, desencatados com a vida, amorosos demais, cheios de pudores ou sem pudor nenhum. eu sou rodeado de gente que se parece comigo em algum ponto, mas que não podem, de jeito nenhum, se mostrar um milímetro maior que eu.
porque? sabe lá Deus! deve ser poque me criaram assim. igual demais à todo mundo. em meio à massa. dói demais dizer que é porque eu não tenho condições de me sobressair dentre tanta gente melhor que eu. é mais fácil acreditar que eu tenho mesmo o rei na barriga.
fosse uma viagem que eu não fiz, um carro que eu não comprei, o salário que eu não consegui, o cargo que eu pleiteei, a música que eu não sei tocar, a roupa que eu não posso vestir... enfim... todo mundo tinha uma porra de um diferencial, um cacete de um pisca-pisca no rabo, sempre vinha um que me ofuscava, que me abatia, que me colocava em meu lugar. e mesmo sabendo disso, não era fácil aceitar. não é facil aceitar. tá, eu NÃO aceito.
por essas e outras me tornei o que sou. porra nenhuma! um fumante compulsivo viciado em calmantes e café. entupo o rabo de conhaque barato num boteco mais ou menos pra poder encher os olhos dos MUITO MENORES que eu com meus feitos meia-boca. encho a boca pra contar uma história que ouvi de alguém. pra dizer algo que alguém me disse. pra recitar um poema que não fui eu quem escrevi.
me cerquei dessa vidinha mais ou menos. mais pra bosta e menos pro luxo. sempre. mais pra cova e menos pra vida. vida? eu esqueci o que era isso quando esqueci que vibrar com alguém uma conquista é fazer parte dela. não, isso não é um texto de auto-ajuda. isso é uma confissão. provavelmente acharão esse guardanapo ensangüentado em cima de algum balcão em alguma bodega de quinta nessa cidade de merda. aqui não tem meu nome. não tá escrito o que eu fiz, nem com quem eu fiz. mas dá pra deixar claro o que estou fazendo. estou morrendo. e vou deixar isso assim porque eu já morri por dentro há muito tempo. vou deixar essa merda desse sangue escorrer balcão abaixo e quando alguém se der conta, eu já estarei vagando por aí, sem luz, sem brilho, pronto pra botar pra baixo qualquer um que pense que está por cima. talvez tenha sido essa minha missão na terra. tentar ofuscar nêgo que brilha. se foi, nem isso fiz direito. estou desistindo porque não suporto mais ver alguém ganhar antes de mim.
23.1.10
Sem São Paulo...
acabei de digerir "Hollywood" do bom e velho safado Bukowski. eu adoro os contos, sou mais propenso aos contos, mas esse, como romance, é sensacional. acho que a atmosfera ajuda muito também.
o tempo tá uma merda. abafado, chuvoso. no rádio tá tocando Golpe de Estado, que é uma banda a qual eu nunca dei muita atenção mas tenho descoberto certas virtudes nela. os nomes das músicas e as temáticas das letras são sensacionais. chama a atenção. rola um quê qualquer de submundo, subversão, sei lá... enfim...
tudo isso me remeteu a uma data em especial. e como eu estou no trabalho, esqueci que esse final de semana é "prolongado" e que segunda é aniversário da cidade de São Paulo. de manhã, no metrô, dei informações em inglês a um casal alemão que precisava chegar no MASP. depois que saí, na estação Brigadeiro, olhei a Paulista com outros olhos. olhei os prédios. a nuvem arroxeada que assombrava o prédio do Instituto Pasteur e vi uma certa beleza na cidade. vi algo que meus olhos de criança assolada pela rotina não podiam ver antigamente. há algo aqui. e eu venho descobrindo o que é.
o cheiro de gasolina, de fumaça, o barulho cinzento dos caminhões na Marginal, o sobe e desce frenético dos carros e ônibus na Augusta tomada por gente estranha exalando vodka e outros drinques baratos, o lçado negro da força na Roosevelt, os tipos interessantes que até nos inspiram vendendo livros de altíssima qualidade a preço popular de bar em bar (como o Carlaccio!), uma bandinha mais ou menos tocando um rock'n'roll adolescente no Terminal Lapa, as poesias nas estações do Metrô, a chuva, a enchente... sei lá, acho que sou bicho do asfalto mesmo.
por mais que eu declare amor à Bahia, minha terra-mãe adotiva, acho que não viveria sem todo esse caos mais de um mês. não conseguiria passar duas semanas fazendo happy hour no Pelô ouvindo samba. não passaria duas semanas indo à praia todos os domingos. acho até que não iria à praia todas as semanas se morasse lá. eu sou do concreto. o coração nem tanto, mas o cérebro com certeza. respiro e vivo isso aqui. preciso disso aqui. por mais que canse, estresse, cause queda de cabelo, dependência química ou qualquer outra baboseira. isso faz parte de mim. e de certa, eu faço parte disso.
é um texto besta, mas é uma declaração sincera. fico feliz por ter nascido em São Paulo, me orgulho dessa cidade pra caralho e desejo, do fundo do coração, um feliz aniversário à cidade que me sustenta e inspira há um quarto de século.
Parabéns Paulicéia Cansada! A gente resiste!
13.1.10
entrou soprando o pó e procurando qualquer interruptor pra acender as luzes. se é que ainda havia lâmpada no lugar.
foi tateando as paredes, tirando teias de aranha que enroscavam no cabelo e no rosto, chutando baús, caixas velhas, um tricículo enferrujado, uma bola de basquete, luvas de beisebol. tropeçou na serra elétrica, caiu e encontrou uma lanterna. foi até o quadro de luz, levantou e baixou todas as chaves e tentou o interruptor. a luz acendeu.
ele andou até a velha escrivaninha, tirou o lençol branco. vislumbrou novamente a cadeira, a luminária e a velha máquinha de escrever. pensou e repensou a vida quase inteira, suspirou, tomou um trago do bourbon do cantil, ajeitou umas folhas na máquina, sentou-se e retomou os trabalhos.
como se o norte da vida tivesse sido encontrado novamente. como se tudo no mundo estivesse resolvido. ou como se qualquer sentido pra vida fosse reencontrado.