31.3.10

No espelho do banheiro


Você não sabe o que sou, nem de que sou capaz.
Não sabe de onde eu venho, pra onde estou indo
                        o que quero, o que não quero mais...
E o que te interessa? E o que isso importa?
Não é que eu não seja qualquer outra pessoa no mundo, não...
É que, sei lá, entende?... eu fico falando e você fica ouvindo...
Fica tudo assim: meio sem jeito, meio sem motivo...
Você me olha com essa cara rosada... um tom de embriaguez...
                         me lembra o Waits.
Aquela bluzêra carregada, meio deprê, aquele acorde que precede a letra
                         mas a letra NUNCA começa.
Isso aí é você... ou eu... ou nós dois... ou só o que queríamos,
                         o que sonhamos ser um dia.
E porque diabos não dá certo, hein?! Mas que merda!
Queria poder esquecer da identidade, esquecer do compromisso
                        que sem querer a gente carrega com a sociedade.
Enfiar a vida toda, todo o passado, nariz a dentro, como uma carreira
                        larga de cocaína.
E de repente o blues pára. A música acaba.
 
 
                    Tá vendo? Nada nunca tem graça...

Nenhum comentário: