entrou soprando o pó e procurando qualquer interruptor pra acender as luzes. se é que ainda havia lâmpada no lugar.
foi tateando as paredes, tirando teias de aranha que enroscavam no cabelo e no rosto, chutando baús, caixas velhas, um tricículo enferrujado, uma bola de basquete, luvas de beisebol. tropeçou na serra elétrica, caiu e encontrou uma lanterna. foi até o quadro de luz, levantou e baixou todas as chaves e tentou o interruptor. a luz acendeu.
ele andou até a velha escrivaninha, tirou o lençol branco. vislumbrou novamente a cadeira, a luminária e a velha máquinha de escrever. pensou e repensou a vida quase inteira, suspirou, tomou um trago do bourbon do cantil, ajeitou umas folhas na máquina, sentou-se e retomou os trabalhos.
como se o norte da vida tivesse sido encontrado novamente. como se tudo no mundo estivesse resolvido. ou como se qualquer sentido pra vida fosse reencontrado.
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