23.1.10

Sem São Paulo...

acabei de digerir "Hollywood" do bom e velho safado Bukowski. eu adoro os contos, sou mais propenso aos contos, mas esse, como romance, é sensacional. acho que a atmosfera ajuda muito também.

o tempo tá uma merda. abafado, chuvoso. no rádio tá tocando Golpe de Estado, que é uma banda a qual eu nunca dei muita atenção mas tenho descoberto certas virtudes nela. os nomes das músicas e as temáticas das letras são sensacionais. chama a atenção. rola um quê qualquer de submundo, subversão, sei lá... enfim...

tudo isso me remeteu a uma data em especial. e como eu estou no trabalho, esqueci que esse final de semana é "prolongado" e que segunda é aniversário da cidade de São Paulo. de manhã, no metrô, dei informações em inglês a um casal alemão que precisava chegar no MASP. depois que saí, na estação Brigadeiro, olhei a Paulista com outros olhos. olhei os prédios. a nuvem arroxeada que assombrava o prédio do Instituto Pasteur e vi uma certa beleza na cidade. vi algo que meus olhos de criança assolada pela rotina não podiam ver antigamente. há algo aqui. e eu venho descobrindo o que é.

o cheiro de gasolina, de fumaça, o barulho cinzento dos caminhões na Marginal, o sobe e desce frenético dos carros e ônibus na Augusta tomada por gente estranha exalando vodka e outros drinques baratos, o lçado negro da força na Roosevelt, os tipos interessantes que até nos inspiram vendendo livros de altíssima qualidade a preço popular de bar em bar (como o Carlaccio!), uma bandinha mais ou menos tocando um rock'n'roll adolescente no Terminal Lapa, as poesias nas estações do Metrô, a chuva, a enchente... sei lá, acho que sou bicho do asfalto mesmo.

por mais que eu declare amor à Bahia, minha terra-mãe adotiva, acho que não viveria sem todo esse caos mais de um mês. não conseguiria passar duas semanas fazendo happy hour no Pelô ouvindo samba. não passaria duas semanas indo à praia todos os domingos. acho até que não iria à praia todas as semanas se morasse lá. eu sou do concreto. o coração nem tanto, mas o cérebro com certeza. respiro e vivo isso aqui. preciso disso aqui. por mais que canse, estresse, cause queda de cabelo, dependência química ou qualquer outra baboseira. isso faz parte de mim. e de certa, eu faço parte disso.

é um texto besta, mas é uma declaração sincera. fico feliz por ter nascido em São Paulo, me orgulho dessa cidade pra caralho e desejo, do fundo do coração, um feliz aniversário à cidade que me sustenta e inspira há um quarto de século.

Parabéns Paulicéia Cansada! A gente resiste!

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