No escuro do quarto, preguiça. O gosto de vodka ainda estava na sua garganta... O sol já passava pelas frestas da venesiana. Devia estar muito quente lá fora. Se levantou vagarosamente, cuidando pra não balançar a cabeça rápido demais. No estômago vazio, a sensação da bebida balançando sem parar ainda sem ser digerida. Enjôo.
Levou a mão à testa e fechou os olhos... abaixou a cabeça e deixou-se despencar na cama novamente. Era inútil qualquer esforço de sair daquela posição. Tateando procurou o celular no criado-mudo. Olhou as trinta e seis chamadas não atendidas, mas não reconheceu o número. Virou-se de lado e avistou a carteira, as chaves do carro e de casa.
No digital do celular, dez e quinze da manhã. Sábado. Ensolarado, de pelada marcada, churrasco com um monte de homem, risadas e... coragem. Falta coragem...
Se arrastou pelo corredor, arrancou a roupa no meio do caminho e entrou no chuveiro. A água batia em sua cabeça e provoca sons ensurdecedores dentro dela, quase uma tortura. Levantou o rosto e bebeu água do chuveiro. Tomou seu banho e voltou para o quarto. Olhou a cama... atirou-se desesperadamente, abraçou e travasseiro e soltou um sonoro "caralho!" que, abafado, mal fez-se ouvir. Sem coragem...
Pego o controle remoto, zapeou a TV em busca de algo que o entretesse até voltar a dormir pra tentar se recuperar. Parou na "TV Xuxa" e, pensando na vida, voltou a dormir.
Quando acordou era domingo. E a velha promessa voltou à tona:
- Nunca mais bebo assim de novo!
Na segunda chegou atrasado ao serviço. O churrasco durou mais que o esperado...
Tudo é cíclico, amigos.
Um comentário:
Muito bom!
Deu enjôo ler isso, mas no bom sentido!
Bom texto é assim. Mexe com quem lê.
Abraços!
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