22.1.09

o que acontece quando o tempo não passa...

a tortura chegando ao fim.
resta menos de uma hora agora. bem pouco.
eu já não agüento mais.
todos me olhando. observando. contando. contabilizando.
todo mundo em cima do que você produz. como parasitas.
te sugam o que há de bom e te poluem com o que há de pior.
a saída do ar condicionado é bem em cima da minha cabeça - sinto minha sinusite atacar.
não vejo a luz do sol desde a hora do almoço, ao meio-dia.
não sei se choveu, se fez calor, se alguém se matou, se o presidente renunciou.
isso aqui é outro mundo. outro lugar. clausura de monastério hindú. foda.
17h07. às 18h eu vôo. sumo daqui pra um ônibus cheio, leio meu livro em pé com a mochila entre as pernas e reparando os rabos e peitos que desfilam no coletivo que cheira à jaula.
parto pra um metrô limpo e menos tumultuado - graças a Deus não moro na Z/L.
lá pelas 18h50, 19h devo estar em casa. tomo um banho e como qualquer coisa.
me sinto cansado, lento. sonolento. se parar fecho os olhos e durmo em qualquer lugar. mas ainda prefiro minha cama e os lençóis azuis.
a cama vazia, pra variar. faz tempo que não divido os lençóis azuis com um corpo quente. faz tempo que não sei o que é acordar olhando outro corpo nu, olhos fechados e boca semi-aberta babando a fronha limpa. isso me dava prazer antes. eu levantava sem fazer barulho e fazia o café da manhã. era bom... acabou.
estive reparando na Maria hoje. trabalha ali, na mesa ao lado. deve ter 1,54m. baxinha, mas com tudo na medida. pernas grossas e morenas, um rabo invejável e um ar de inocente-meiga-inteligente que poderia tirar qualquer um do sério. mas a mim não engana. talvez por isso ela corresponda aos olhares fingindo que não vê. é difícil penetrar naquele universo. não me dá nenhuma abertura... mas não vale a desistência. o dia que baixar eu guarda, vai tomar um jab invejável e cair de quatro pra mim. pretensão da porra!
17h13. tinha planos de ficar escrevendo isso sem parar até às 18h. mas descobri que me falta assunto. não teria sobre o quê falar esse tempo. eu acho. podia falar de qualquer futilidade, mas tenho uma política interna que diz que "se não há sobre o que escrever, não escreva".
17h15. telefone. mais futilidade.
17h16. lembrei da velha escrota na fila do coletivo ontem. ela tinha várias verrugas bizarras na cara. não tinha como olhar pra ela e não pensar no Lemmy, do Motörhead. a semelhança me dava arrepios.
ela fumava um cigarra de marca barata. desses que fedem a borracha queimada quando estão acesos. era ruim. me sufocava. e ela fumava como uma máquina. trago atrás de trago. muita fumaça. e tossia. uma tosse carregada de catarro, pigarreava alto pra caralho e enfiava o cigarro pra dentro novamente. quando ela apagou, voltou a tossir. tossiu, escarrou e cuspiu aquela secreção amarelo-esverdeada ali, nos pés de uma fila toda. bizarro. soltei um sonoro, "caralho". algumas pessoas, inclusive a velha, ouviram. dois começaram a rir e a fazer cara de que eu estava certo. uns olharam e desviaram o olhar. a japa baixinha foi uma delas. nem a vi passar por mim. minúscula, toda apertadinha. tinha cara de mais velha que eu. tinha um decote genoroso que cobria um par de seios interessante. dava pra imaginar a cor dos mamilos só de olhá-los. eu viajei por muito tempo olhando a japa de cima. delícia. mas voltado ao escarro da velha (ou mudando do vinho para a água), as mais frescas fecharam a cara e fizeram cara de nojo. a velha me olhou por baixo dos óculos e me encarou. eu a encarei também. já esperei qualquer manifestação. nem que fosse um "qual é! vai me dizer que nunca cuspiu". mas ela viu que eu não ficaria quieto e que seria perda de tempo falar qualquer coisa. sem contar no perigo iminente de todos rirem de sua cara.
entrei no coletivo e fiquei de pé ao lado da porta. olhando a japa de cima, como eu disse. nós descemos no mesmo ponto. eu a deixei descer primeiro. regra de etiqueta número zero, certo? ela passou e agradeceu com a cabeça. eu retribuí. desci atrás dela e vi uma bunda perfeitamente desenhada. um pouco sem carne, concordo, mas muito, muito bem desenvolvida. coisa de designer de mangá. não esqueci da marca da calcinha até agora. ela andava um pouco mais devagar que eu pois procurava o isqueiro na bolsa. no instante em que eu passei por ela, ela acendia o cigarro. eu olhei pra trás, ela não me viu. mas minha visão periférica notou o tamanho do pacote. e eu voltei a olhar pra trás, só que agora com os olhos secos na xota da japinha. e, meu Deus, o que era aquilo? um pacote e meio! gigante! pensei no cheiro, pensei em como estaria depilada. salivei e olhei pra trás novamente. ela me olhou nos olhos. diminuí o passo. ela passou por mim sem olhar pro lado. fui atrás dela até a entrada do prédio, contemplando aquele rabo obra de arte. mulher é foda! ela sacou que eu tinha pagada um pau pra ela e se esforçava ao máximo praquele rabo balançar ainda mais. vadia. ela tinha cara de puta. aliás, puta não. ela não tinha cara de quem cobrava por sexo. e isso me deixou ainda mais intrigado.
17h28. já escrevi pra porra e tenho a leve impressão que esse será um post chato. não tem nada que prenda ninguém aqui. só uma história de um peão voltando pra casa. nada de atraente.
esse tipo de texto mexe comigo. essa coisa de escrever compulsivamente, de escrever o que você falaria pra alguém batendo papo no bar. escrever o que passar na cabeça. deixar a poesia às custas de quem lê. isso é interessante. essa liberdade ser dada ao leitor. leitor... eu sou leitor e não releio os meus textos. nem costumo me orgulhar deles. estranho... eu devia dar mais atenção a isso tudo. talvez...
17h30. tá rolando amy winehouse na vitrola. muito bom.
lembro de algumas tardes no final do ano passado. algumas tentativas frustradas de recuperar algo irrecuperável. a amy me fez companhia. e não me fez chorar. estranho também...
terça-feira alguém reapareceu e tomou de volta o lugar que tivera sido seu há longínguos cinco anos. estranho como a gente é que nem faro de cahorro: jamais esquece. tomamos 1,5L de vinho mais ou menos e voltamos juntos, no mesmo ônibus, pra casa. pra variar, o beijo, rápido e cheio de desejo, só veio há alguns segundos antes de eu descer. "podia ter começado mais cedo", falei. ela riu.
ontem trocamos emails e eu disse que isso até fazia sentido, uma vez que, de pouco a pouco, a gente se interessava mais em saber o que seria ficarmos mais tempos juntos. e eis que o dia pode ser amanhã. veremos...
17h35. vou mandar esse... telefone tocando. de novo.
17h36. vou mandar esse texto pro blog e foda-se. quem quiser e tiver paciência que leia e não ache graça nenhuma. está realmente chato. chato porque é indiferente, porque não induz ninguém a pensar em nada e porque parece simplesmente um "modo querido diário on". coisa que não costuma aparecer aqui desse jeito. paciência. eis o estado da minha cabeça hoje.
quinta-feira cinza, cansada, chata e sem graça. acabou a amy. to indo também.

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