Tentei me concentrar pra poder me afastar dali por alguns instantes, em vão. Como se não fosse suficiente o coletivo estar cheio de gente falando, fedendo a jaula e com todas as janelas fechadas, era horário de saída de uma faculdade católica que fica no meio do caminho, entre a Paulista e o Metrô Barra Funda.
Eu fiz questão de cronometrar. Foram 17 MINUTOS parado esperando o povo subir pra abarrotar o ônibus que já estava cheio, espremer os outros usuários infelizes do transporte público, bater com bolsas, mochilas e pastas na cabeça de quem está sentado e começar a falar da vida gritando aos quatro ventos, como se EU quisesse ouvir porque o pai do fulano foi preso, porque o cara não comeu a "mina" na festa, porque a patricinha não foi pra "balada" no sábado, enfim... uma enchurrada de futilidades.
Em homenagem a essa quase loucura que enfreitei, escrevi uns versos... espero que leiam.
Catarse
(burburinho... gente falando alto... motor de ônibus... chuva fina... uma pasta, uma camisa molhada, um guarda-chuva, a vontade aumenta, a ansiedade explode, a paciência acaba...)
CHEGA!
Não agüento mais
Não agüento mais
Motor, chuva, gritaria
Buzina, freada, escapamento de caminhão
Ar condicionado, ruído da marcenaria
Futebol, música ruim, manifestação
Não agüento mais
Não agüento mais
Barulho do busão, trompete e distorção
A ola da torcida, o grito de ladrão
A porta batendo, a marmita caindo no chão
É tanto chiado, só poluição
Não agüento mais
Não agüento mais
Essa banda tocando, essa criança chorando
O pastor gritando e o papa rezando
Essas mãos digitando e esse rádio chiando
Você cantarolando e esse alarme apitando
Não agüento mais
Não agüento mais
Não agüento mais
Não agüento mais
Desse jeito eu vou entrar em
CATARSE!
COLAPSO!
CATARSE!
COLAPSO!
Agora passou...
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