5.3.08

Memórias...

Assistia o tempo e a estrada passarem pela janela do ônibus. No discman, Eric Clapton me clareava as idéias...
Ia vendo tudo passar rápido, a Dutra, as árvores, as cidades... tantas cidades.
O corpo ainda cansado do carnaval de rua, a mente tranqüila, divagando pensamentos desconexos - como estes - e sem razão, o coração meio apertado e um solene sorriso de lado.
Encosto a cabeça no vidro e fecho os olhos... a marchinha ainda vem a minha mente. Sua roupa, o olhar, nosso primeiro contato, a pracinha perto da igreja... suspiro...
Sinto seu cheiro imortalizado em mim. Em minhas costas ainda há marcas de suas unhas, famintas, sedentas pela boca que se aproximou de seu ouvido e te cantou grosseiramente na fila pra comprar capeta... quem imaginaria.
Enquanto os dias e o carnaval passava a gente se distraía e se distanciava de toda a hipocrisia que assolava os outros humanos na rua. Nos entregávamos a nós mesmos, esquecidos no quarto da velha pousada, deitados... amantes.
A quarta-feira de cinzas nasceu nublada. A caminho da saída senti um friúme por dentro. Algo me percorreu a espinha como suas mãos fizeram na noite passada. Não queria, mas já sentia saudades.
Hoje, muito, muito tempo depois, os carnavais são outros e nem sei se poderia dizer que te conheço de outro carnaval. Deve ser outra, assim como eu sou outro até ouvir o Eric Clapton de novo.

Um comentário:

Felippe disse...

Deixa sua mulher ler essas memórias.

Na fila pra comprar capeta é foda hein... rsrsrs