5.12.08

Estômago e sexo

 
já fazia tempo que a conhecia. desde 2001, quando entrei na empresa. nessa época ela já namorava.
lembro que era um cara antipático, fresco. não se envolvia com o pessoal, não falava e não tinha emoção alguma: nunca o vi sorrindo, triste, puto da vida, nada. sempre daquele jeito. cara de quem comeu e não gostou. ou de quem não comeu. e foi com esse pensamento que comecei a fantasiar a história.
primeiro enchi de piadinhas. brincava com ela, falava de intimidades, de como fazia isso ou aquilo. e ela participava do jogo. falei que gostava de chupar muito, de enfiar a cara, sentir o cheiro e ouvir a mulher gemendo. lembro que a vi branca e levemente rosada. pensei na cor daquela xoxota. e eu enrijeci na hora.
os diálogos sujos e cheios de putaria continuaram. ela sempre dando asa. e eu crescendo cada vez mais. chegou a passar pela minha cabeça que isso era coisa de amigo mesmo e que tudo o que eu contava pra ela ela fazia à noite com o seboso. por sorte - ou não - não era bem isso...
perguntei, num outro dia, um papo mais ameno, a respeito de relacionamento mesmo, e ela resolveu abrir o jogo. nem faço idéia do motivo que a fez se abrir daquela maneira comigo.
"sabe o que é... parece que ele não curte muito, não tem curiosidade..."
"você tem que dar abertura. é chato ficar pedindo as coisas. invista no que você acha que vai agradá-lo..."
"andei fazendo coisas que eu nunca fiz e tudo continua na mesma..."
"esse cara é frouxo. pode ter certeza. negar tudo isso aí é coisa de quem não gosta mesmo..."
ela parou e ficou pensando. e aí chegou o carnaval.
depois do feriado, as hitórias voltaram. ela até chegou a comentar que tinha melhorado um pouco e tals. e eu contei o que fiz no carnaval.
"a gente tava no sofá, ela sentava em mim de costas e quando disse que ia gozar, eu a virei, soquei a cara na buceta dela e chupei, chupei até sentir que ela tremia..."
por algum motivo ela ficou quieta.
"depois ela levantou, eu fiz com que ela se apoiasse no sofá de quatro e dei as estocadas mais fortes da minha vida até explodir de um vez só. foi insano. sem dúvida a melhor trepa da minha vida..."
ela continuou muda.
eu não entendi direito. mas nesse mesmo dia recebi um sinal. e não tive como deixar quieto.
"se fosse com você, aposto que você não esqueceria nunca mais..."
"você fala tanto que dá pra desconfiar..."
"não precisa nem pagar pra ver. eu faço o quarto. só me diz que vai e quando vai."
"hoje. saio na frente, te pego na rua de trás..."
"e o meia-foda chatinho?"
"não vai ficar sabendo..."
"você é safada pra cacete..."
saí do trampo disfarçando, depois que todo mundo desceu. dobrei a esquina e o Palio verde estava lá, de vidros fechados, escuros e o ar condicionado bombando. pouco precisei pensar...
"você é safada pra cacete. não presta... e é bom conhecer gente que não presta..."
"tá na hora de saber qual é a sua..."
enfiei a mão no meio daquele monte de cabelo dourado e a beijei com sede, com desejo, com vontade. com a outra mão apertava-lhe as coxas grossas... como era gostosa! já imaginava os mamilos rosadinhos, a xoxota quente e úmida. fui enlouquecendo aos poucos dentro daquele carro.
e ela já tinha premeditado tudo! sequer pensou no caminho pro motel. foi direto, desviando do trânsito. quando paramos num farol ela olhou o volume em minhas calças, não resistiu e pegou no meu pau. pra ver o que era ou como era. olhou pra mim e mordeu o lábio inferior. cara de puta.
entramos. eu sugeri um banho, um drinque qualquer. mas nem deu tempo. ela me pegou pela nuca, me beijou me empurrou na cama, tirou os sapatos e deitou em cima de mim.
me disse tanta coisa... confesso que fiquei impressionado com a paciência que ela teve com ele. o papo que mulher insatisfeita enfia chifre mesmo é fato. bem verdade. assim como homem insatisfeito também. e até hoje não consegui decifrar quem era o verdadeiro insatisfeito da história.
essa semana ela ficou noiva. vai casar dentro em breve. talvez aquela noite no motel tenha a ajudado a resolver algum problema. ou então ajudou o cara, não sei. a libertação, o fato de encarar as coisas que eles julgavam impróprias pra dizer um ao outro, as coisas que não faziam ou não pediam porque tinham vergonha... acho que aquele chifre que o cara tomou pode ter salvado o futuro casamento dele.
eu é que fiquei meio assim. no fim das contas, a gente sempre quer mais, né!? esse papo de ser "o amante" não é tão bom ás vezes. tem horas que o que a gente mais queria era um pouco mais de dor de cabeça em relação a um relacionamento.
até nas horas mais sujas se encontra um pouco de amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quase um Nelson Rodrigues...
Muito bom!