18.5.09

Segunda...

 

Poema de Fauzi Arap que eu ouvi na voz de Maria Bethânia, numa interpretação medonha, terrivelmente assustadora – ela é realmente irreal. Não existe. Foda ao cubo...

 

Eu vou te contar que você não me conhece.
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza à você. Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre uma verdade inteira, um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho. Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções. Mas a mentira da aparência do que eu sou e a mentira da aparência do que você é.
Por que eu, eu não sou o meu nome e você não é ninguém.
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação. través da aceitação da distância e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia. Eu me dispo da notícia e a minha nudez parada te denuncia e espelha. Eu me delato, tu te relatas, eu nos acuso e confesso por nós.
Só assim me livro das palavras com as quais você me veste.

 

E como se não bastasse, num arremate, emenda a belíssima “Um jeito estúpido de amar”:

 

Eu sei que eu tenho um jeito

Meio estúpido de ser

E de dizer

Coisas que podem magoar e te ofender

Mas cada um tem o seu jeito

Todo próprio de amar e de se defender

Você me abusa e só me preocupa

Agrava mais e mais a minha culpa

Eu faço e desfaço contrafeito

O meu defeito é te amar demais

Palavras são palavras

E a gente nem percebe o que disse sem querer

E o que deixou pra depois

Mas o importante é perceber

Que a nossa vida em comum

Depende só e unicamente de nós dois

Eu tento achar um jeito de explicar

Você bem que podia me aceitar

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser

Mas é assim que eu sei te amar

 

Fantástico!

 

Como é difícil esse processo de aceitação, não!?

E como eu ando filosofando raso ultimamente.

 

... nada impactante.

 

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