Poema de Fauzi Arap que eu ouvi na voz de Maria Bethânia, numa interpretação medonha, terrivelmente assustadora – ela é realmente irreal. Não existe. Foda ao cubo...
Eu vou te contar que você não me conhece.
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza à você. Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre uma verdade inteira, um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho. Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções. Mas a mentira da aparência do que eu sou e a mentira da aparência do que você é.
Por que eu, eu não sou o meu nome e você não é ninguém.
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação. través da aceitação da distância e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia. Eu me dispo da notícia e a minha nudez parada te denuncia e espelha. Eu me delato, tu te relatas, eu nos acuso e confesso por nós.
Só assim me livro das palavras com as quais você me veste.
E como se não bastasse, num arremate, emenda a belíssima “Um jeito estúpido de amar”:
Eu sei que eu tenho um jeito
Meio estúpido de ser
E de dizer
Coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito
Todo próprio de amar e de se defender
Você me abusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
Eu faço e desfaço contrafeito
O meu defeito é te amar demais
Palavras são palavras
E a gente nem percebe o que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mas o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar
Fantástico!
Como é difícil esse processo de aceitação, não!?
E como eu ando filosofando raso ultimamente.
... nada impactante.
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