26.10.10

Sufoco

preciso te falar... não dá mais pra deixar isso passar assim... eu... eu... nem sei como começo, mas a verdade é uma só e tem que ser dita já... eu sinto, de alguma forma que se eu demorar um pouco mais o resto da chance que eu tenho vai sumir como pó no meio da ventania... há tempos te observo de longe, calado. sempre apostei que os olhares poderiam ser muito mais sinceros e muito mais diretos que qualquer palavra, por isso me declarava te olhando através de você mesma. eu via sua alma. sentia seus desejos, entendia suas necessidades e seus anseios. tinha medo de saber de tudo isso, talvez melhor que você mesma. me calei. não devia ter me calado, eu sei, mas porra... eu não tinha chance. aí... aí você apareceu aquele dia, chorando, os olhos mais escuros que de costume, a maquiagem tinha borrado seus olhos, eu entendi a dor que você estava sentindo e ao invés de partir pra cima de você como meu instinto mandava, resolvi te abraçar e sem dizer uma palavra sequer, te fiz entender tudo. acho que esse deve ter sido meu maior erro. falar quando se está calado talvez assuste. eu não sabia disso. você se afastou eu fiquei aqui esperando... esperei pra caralho, pô, cheguei a pensar que não ia te ver mais mesmo, juro... eis que você reaparece. cabelo cortado, franja, mais bonita, mais gostosa e me cumprimenta com o mesmo calor de sempre, o mesmo beijo "meia-taça", descomprometido provocando tudo ao mesmo tempo e eu fico aqui, pensando sem parar, sentindo sem medir e falando como louco na sua frente, você sem entender nada e... e... porra! não posso prometer felicidade, mas chego perto de te fazer feliz pelo simples fato de saber que sou eu quem você sempre quis... não, não, não! peraê, peraê! deixa eu terminar, pô! espera, espera! porra, não vai assim, não! espera pelo menos eu... ô! calma, calma! não vai, caralho! espera! espera... espera... espera... eu tenho que dizer que... me escuta, caralho!

... eu te amo, porra. só isso.



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Aldo Jr.
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