29.7.09

De hoje...

Já há muito tempo não escrevo sobre amor. Nem sobre amar alguém. Deve ser porque não amo mais. Ou porque só se ama uma vez na vida e eu já o fiz dessa vez. Terei de voltar pra amar novamente... e tentar, claro, passar a vida ao lado desse alguém.

Há um vazio estranho. Algo que não consigo preencher de jeito algum. As paixões aparecem, vão, voltam, surpreendem até algumas vezes, mas logo esfriam. Não me ocupam. Não são o que eu preciso que sejam. Não estão lá quando eu quero, quando eu preciso. Estão quando eu procuro, mas o diferencial seria estar antes que eu precisasse procurar. Nunca mais tive isso. Dessa maneira paixão nenhuma me surpreendeu.

É estranho... não ter mais esse apego a ninguém, mesmo sentido que alguém se apega a mim. Às vezes me vejo pensando o quanto andei sendo canalha. Embora não tenha machucado nem magoado ninguém, me vejo indiferente demais. Talvez como tenham sido comigo quando os papéis estavam trocados. E por mais que eu me policie, não é algo fácil de controlar. Escapa. E quando eu dou por mim, já disse, já não fui, já mudei de programa... Me preocupo sim por não estar dando, talvez, a atenção que a pessoa mereça, mas ao mesmo tempo me desmistifico, me explico e tento me fazer entender. Deixo que me cobrem e cobro também, assim parece mais saudável. Ou não.

Todo esse silêncio aqui deve vir disso. Ando muito mais eu comigo mesmo. As coisas acontecem e talvez pelas primeiras vezes na vida toda, eu me calo pra observar tudo antes de pronunciar qualquer coisa. Ando muito mais observação que palavreado. Tenho poupado as palavras exatamente por não saber quais escolher e como organizá-las. Meu escudo tem sido meu silêncio. Não me machuco, nem machuco ninguém. E isso não me faz mal...

A verdade é que o olhar sobre todas as coisas mudou. A ótica, o ponto de vista... tudo é diferente, mais adulto, mais coeso, menos prepotente, menos infantil... eu acho. As mudanças acontecem e eu acompanho mais de perto, cada curva, cada tom, cada cor, cada gosto, muito mais intensamente justamente por estar calado quando certamente estaria falando. A filosofia íntima é muito útil.

Às vezes tenho medo do que penso. Mas logo o medo passa porque esse silêncio me traz mais respostas. Mais explicações.

Não é tristeza. Nem melancolia. Só um pouco mais de atenção a mim.
O asfalto, o álcool, São Paulo, o underground, não serão úteis agora. O silêncio se estabeleceu aqui porque era a vez dele. E aqui vai ficar. Se eu pressionar pra que ele saia, talvez esteja errando, afinal, não tenho a menor vontade de abrir a boca pra falar qualquer coisa.

Deixa estar. Assim me conheço melhor e conheço os outros melhor.

Um comentário:

Fábio disse...

Acho que também ando numa fase meio assim, sabe? Às vezes, o silêncio faz muito bem mesmo.

Como você bem diz, deixa estar.